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Rodolfo Rodrigues

Hoje o jogo parou em Paris. E, você, o que faz quando presencia racismo?

PSG x Istanbul: Times deixam campo após 4º árbitro ser acusado de racismo - Franck Fife/AFP
PSG x Istanbul: Times deixam campo após 4º árbitro ser acusado de racismo Imagem: Franck Fife/AFP

Do Uol

08/12/2020 20h57

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Quando foi a última vez que você presenciou uma cena racista? Uns tempos atrás, eu era o pretinho da redação, entre outros apelidos tidos como carinhosos, mas na verdade racistas. Hoje o comentário é impensável. Não dá mais para as pessoas chegarem rindo nas festas para perguntar se eu estou ali por cota. Não dá mais para comentar meu erros no trabalho de maneira engraçadinha atribuindo ao tom da minha pele. Os tempos estão mudando. Devagar, mas estão.

Mas não dá para dizer que o racismo acabou. A cena desta terça-feira (8), na partida entre Paris Saint German e Istambul Basaksehir, em Paris, é um exemplo disso. Mas é um exemplo também de que o racismo não será tolerado. Se há alguns anos a cena era rotineira, hoje gera revolta e une dois times adversários. Ainda bem.

A história foi assim: o quarto árbitro, o romeno Sebastien Coltescu, relatou ao árbitro que o auxiliar técnico do Istambul, o camaronês Pierre Webó, havia feito algo errado. O árbitro romeno Ovidiu Hategan não entendeu a quem ele estava expulsando. Sebastien explicou usando a cor da pele de Webo: "O negro está ali. Vai ver quem é. Aquele negro não pode continuar a agir desta forma".

O atacante Demba Ba, senegalês, nascido na França, no banco de reservas do Istambul, questionou. Você se referiria a um atleta branco daquela maneira? O juiz não entendeu (de novo) e expulsou Ba. Como disse o amigo Breiller Pires no Twitter, outros exemplos de racismo. Deu confusão e ninguém sabe o que houve? Os negros sempre acabam sendo punidos, sejam culpados ou inocentes.

A confusão se ampliou, o Istambul se recusou a voltar para a partida. Neymar e Mbappé, do PSG, entraram na briga e se recusaram a jogar, especialmente com a presença do 4º árbitro. Fechou o tempo, vestiário, jogo adiado para esta quarta (9).

Está certo: o racismo não tem time. O futebol e o mundo têm por dever ser antirracistas. Agora, volta a pergunta inicial. Quando foi a última vez que você presenciou uma cena racista? E na próxima, você vai ter coragem de agir como se nada tivesse acontecendo?

O jogo que parou nessa terça na França devia ser exemplo. Todo mundo tem que parar ao presenciar racismo. Que mais gente se revolte, que o tempo feche que o jogo acabe. Não tem espetáculo quando tem racista no palco.

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