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Rafael Oliveira

No duelo entre Guardiola e Zidane, o fundamental foi o papel sem bola

Gabriel Jesus comemora gol do Manchester City contra o Real Madrid - Nick Potts / POOL / AFP
Gabriel Jesus comemora gol do Manchester City contra o Real Madrid Imagem: Nick Potts / POOL / AFP

Colunista do Uol

07/08/2020 18h52

O Manchester City venceu o Real Madrid e se classificou para as quartas da Champions. A superioridade foi indiscutível. Não só na partida de volta, mas também ao recordar dos distantes 90 minutos iniciais do confronto.

Geralmente, o futebol de Guardiola é exaltado pelo volume ofensivo, o domínio da posse e o número de gols. Mas igualmente importante é o trabalho coletivo e estratégico nos momentos em que é o adversário quem tem a bola.

Nos dois jogos, o City escalou meias como atacantes centralizados. Não da mesma forma, pois foram desenhos diferentes. A proposta era gerar vantagem numérica por dentro, criando opções de passes e atraindo zagueiros para, em seguida, explorar a velocidade dos pontas atacando em diagonais.

Só que, em Manchester, a superioridade e os gols foram construídos a partir da marcação na saída de bola adversária. O Real Madrid não tinha Sergio Ramos, líder e melhor passador da defesa.

A troca de passes não progrediu diante dos encaixes, e o City conseguiu encurralar cada vez mais os zagueiros. Varane, Militão e Courtois tocavam a bola dentro da área, mas não encontravam opções. Sterling e Gabriel Jesus pressionavam de fora para dentro, impedindo que os laterais fossem acionados.

Os gols nasceram de falhas de Varane, um excelente zagueiro em péssima noite. Mas não foram acidentais. Foram consequências de méritos do trabalho sem bola da equipe de Guardiola. O primeiro pelo encaixe da saída e o segundo pela disposição para pressionar e tirar o conforto dos zagueiros.

Sem conseguir superar o obstáculo ou achar alternativas para avançar, o Real Madrid fez uma partida bastante pobre. Já o Man City conseguiu encontrar mais vezes Kevin De Bruyne nas costas dos meio-campistas que subiam para marcar.

Zidane conheceu sua primeira eliminação de Champions League como treinador. O resultado naturalmente não apaga os méritos pelo título espanhol, mas foi superado pela proposta de Guardiola e não encontrou resposta.