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Rafael Oliveira

Cancelamento da Bola de Ouro é compreensível, mas sugere conclusão errada

Lionel Messi posa para fotos com troféus Bola de Ouro - Albert Gea
Lionel Messi posa para fotos com troféus Bola de Ouro Imagem: Albert Gea

Colunista do Uol

20/07/2020 18h42

A France Football anunciou que não fará a tradicional premiação da Bola de Ouro em 2020. Diante de uma temporada tão atípica e do impacto da pandemia no planeta, a decisão é compreensível.

Nada foi normal. Alguns campeonatos encerrados precocemente, outros parados por meses, e até a Liga dos Campeões precisou adaptar seu formato para garantir a realização das fases finais.

É fácil entender os motivos. Do ponto de vista humano e sanitário, o futebol realmente ficou em segundo plano. Não é ou foi uma prioridade em 2020.

Por outro lado, ao cancelar a premiação, a mensagem que ganha força é a de uma temporada com asterisco. E não deveria ser o caso, esportivamente falando.

O ano está, sim, marcado pela pandemia, mas, se teve bola rolando, é possível analisar e escolher um jogador como o melhor naquele contexto.

Cada título conquistado no período vale igualmente para a história. Assim como a Champions 2019/20 terá o valor de sempre, ainda que em condições atípicas. Sendo assim, por que o melhor não pode ser identificado e premiado? Não é preciso ter cerimônia. Nem há clima ou segurança para tal.

Que fique claro: não sou fã de premiações individuais e questiono os critérios comumente usados em um esporte coletivo. Elas geralmente partem das conquistas de um time para a busca por um destaque, um direcionamento já discutível e conflitante com a proposta inicial.

Outra reflexão é a resposta para quem sugere uma comparação entre os premiados de cada ano. O propósito nunca foi uma igualdade de condições entre os vencedores de anos distintos, e sim o olhar para o recorte temporal específico.

Ou seja: se teve futebol, mesmo que com outros parâmetros, teve universo para análise, opinião e premiação. A contextualização sobre a pandemia vem como complemento natural e indissociável para qualquer memória do período. O asterisco de 2020 é na história do mundo, e não na temporada do futebol.