Trunfo do Brasil em 2007 foi explorar o favoritismo da Argentina
A Copa América de 2007 foi a sequência de um festival de vitórias do Brasil sobre a Argentina em finais. Em 2004, o inesperado gol salvador no último minuto. Em 2005, a goleada que seria lembrada como um grande espetáculo. Em 2007, o surpreendente 3x0 na decisão.
Se o time de Bielsa foi bem superior em campo em 2004, não dá para dizer o mesmo da equipe treinada por Alfio Basile três anos depois. Embora fosse uma Argentina completa, embalada e bem mais forte no papel (com Riquelme, Messi, Tévez, Verón, Cambiasso, Zanetti, Mascherano...), a vantagem não existiu em campo.
Era a primeira competição de Dunga como treinador da seleção. E o título ajudou a dar confiança ao trabalho e principalmente a estabelecer parte das características que ficariam marcadas.
Diante da favorita Argentina, o cenário se tornou ideal para uma equipe moldada para os contra-ataques. Se a Copa de 2006 havia deixado a crítica sobre comprometimento, a base do novo trabalho estava no discurso de disciplina.
Em campo, não amadureceu como um time criativo ou empolgante, mas foi competitivo. Marcava, reduzia espaços, se defendia e tentava explorar os destaques da transição de gerações. Kaká e Robinho eram as estrelas do ciclo. Os nomes que desequilibravam na frente a partir de uma boa sustentação defensiva. Luís Fabiano também teria destaque mais tarde, nas eliminatórias para a Copa de 2010.
Na Copa América de 2007, o Brasil não contou com muitos dos titulares. Com o favoritismo da Argentina ainda mais evidente, foi natural executar a estratégia que viraria marca nos anos seguintes: os contra-ataques que tornaram a seleção muito eficaz nos jogos grandes. Era quando o adversário tinha força para sair que o time de Dunga se mostrava mais competente.
Quando precisava abrir defesas e se impor com paciência, as dificuldades eram maiores. Mas não era o caso contra a Argentina naquela final. Com bom trabalho defensivo de Juan, Josué, Mineiro e outros, quem brilhou nas transições foi o trio formado por Júlio Baptista, Vágner Love e Daniel Alves.
A partir de vitórias importantes, como a de 2007, o trabalho ganhou corpo e a Seleção chegou respeitada na Copa de 2010, apesar do crescente desgaste na relação entre Dunga e imprensa. O conflito era uma forma de alimentar o discurso de "contra tudo e contra todos'. A eliminação contra a Holanda acabaria sendo uma surpresa, especialmente pelas circunstâncias do jogo.
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