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Rafael Oliveira

A história do futebol é contada por sensações

Ronaldo vibra após marcar pela seleção brasileira contra o Chile pela Copa do Mundo de 1998 - Ormuzd Alves/Folha Imagem
Ronaldo vibra após marcar pela seleção brasileira contra o Chile pela Copa do Mundo de 1998 Imagem: Ormuzd Alves/Folha Imagem

Colunista do Uol

10/04/2020 14h03

Com tanto tempo sem futebol ao vivo para ver, é inevitável recorrer ao passado. E a porta reabre uma série de discussões e possibilidades.

Do ponto de vista analítico, é sempre interessante observar cada época e suas particularidades. Seja na questão tática, no ritmo do jogo, no aproveitamento dos espaços, na evolução física e suas consequências no aspecto técnico...

Ao mesmo tempo, o olhar para o passado também permite um distanciamento do lado emocional que envolve qualquer grande decisão ou Copa do Mundo. Certamente, não há nada como a tensão gerada pela mistura entre ansiedade e imprevisibilidade.

Até por isso, alguns não gostam de ver ou rever jogos antigos. Compreensível e respeitável. Não há forma certa ou errada de gostar de futebol. Há, sim, maneiras diferentes de viver o futebol.

Para quem gosta do jogo em si, é um prato cheio. E também um território "perigoso" em alguns momentos, pois tende a desmistificar muitas das histórias reproduzidas ao longo do tempo.

Não intencionalmente, mas a história é contada pelas sensações vividas naquele momento. E as sensações geralmente estão mais ligadas às reações e sentimentos. Só que a memória prega peças, especialmente condicionada por situações tão marcantes.

Nas próximas semanas, publicarei alguns textos sobre diferentes reflexões do exercício que tenho feito no canal no Youtube. Tem sido uma curiosa experiência. Revisitar, com outros olhos, momentos históricos, tirando as próprias conclusões ou até mesmo modificando impressões que haviam ficado como definitivas.

Nada jamais vai substituir a construção das memórias no futebol ou em qualquer esporte. A emoção do momento nunca pode ser totalmente dissociada do evento, pois ela é parte do todo. Do ponto de vista analítico, entretanto, o menor envolvimento certamente ajuda a contrapor o efeito da inevitável memória afetiva.