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Rafael Oliveira

Detalhes para ficar de olho nos jogos de quarta da Champions League

Neymar comemora ao lado de Mbappé seu gol de pênalti para o PSG diante do Lyon na Copa da França - Philippe Desmazes/AFP
Neymar comemora ao lado de Mbappé seu gol de pênalti para o PSG diante do Lyon na Copa da França Imagem: Philippe Desmazes/AFP

Colunista do Uol

11/03/2020 04h00

PSG x BORUSSIA DORTMUND (ida: Borussia 2x1 PSG)

- Pressão sem clima
O fato da partida ser realizada sem a presença da torcida, além de naturalmente comprometer a atmosfera, também impede um dos principais elementos envolvidos no contexto da temporada: como o PSG vai lidar com a pressão de precisar evitar outra eliminação precoce na competição continental.

São três quedas seguidas nas oitavas. Contra o Barcelona, na virada de 2017, contra Real Madrid em 2018 e Manchester United em 2019. Nas duas últimas, com o peso das lesões de Neymar.

Se a hegemonia doméstica é inegável, a avaliação do ambicioso projeto passa por bons resultados internacionais e, por mais que o Borussia seja um adversário qualificado, a tolerância é cada vez menor e a eliminação traria novamente o rótulo de fracasso para o ano do clube.


- Escolha tática de Tuchel
Na Alemanha, Thomas Tuchel tentou surpreender e abriu mão do sistema mais habitual. É verdade que a equipe tem produzido muito ofensivamente, mas a fragilidade defensiva ajudava a explicar a decisão. O problema é que Mbappé ficou subaproveitado como 9 e a tentativa de espelhar o sistema do Borussia não representou controle.

Para piorar, Verratti está fora por suspensão. É o meio-campista de maior qualidade de passe para distribuir e acionar o talento dos homens de frente. Qual será a decisão? Voltar ao sistema da Ligue 1 significaria apostar em Neymar solto, partindo da esquerda, Di María na direita e Mbappé ao lado de uma referência (Icardi tem rendido mais que Cavani). Sem Verratti, o meio passa a ter Gueye e Paredes como opções mais naturais. E a recuperação de Thiago Silva impacta também ali, pois poderia permitir que Marquinhos atue como volante, como tem feito bem na temporada.

Um jogo aberto, ainda que com potencial para ser excelente para quem assiste, também representa riscos diante de Jadon Sancho e Haaland. Outro ponto é se o PSG encontrará respostas para um desfavorável choque entre os alas, considerando a capacidade ofensiva da dupla de Dortmund.

LIVERPOOL x ATLÉTICO (ida: Atlético 1x0 Liverpool)

- O efeito da urgência
O Liverpool não tem jogado bem ultimamente. Por mais que tenha sustentado a longa invencibilidade na Premier League, geralmente era um time muito tranquilo e consciente do nível de confiança que atingiu. Assim, arrancava vitórias mesmo de atuações ruins, com uma serenidade de quem parecia ter certeza de que era apenas uma questão de tempo.

Na Champions League, não é. E mais do que isso, o Atlético de Madrid também não se incomoda em passar os 90 minutos sendo testado defensivamente, com as costas na parede e acreditando na concentração para sustentar a vantagem que criou.

A equipe de Simeone levou a melhor em muitos duelos assim ao longo da década. Por outro lado, a atmosfera de Anfield certamente transformará o cenário em um caldeirão, esperando uma pressão total desde os primeiros instantes.

Na Espanha, o Atleti resgatou a cara da sua versão mais competitiva, algo que não tem sido tão frequente na atual temporada. Um gol sofrido pode mudar a dinâmica do confronto e, até por isso, o retorno de João Félix será importante para auxiliar Morata nas transições ofensivas e manter alguma ameaça ao gol de Adrián, que substituirá o lesionado Alisson. O relógio vai dizer muito sobre a urgência das estratégias e como as equipes se adaptarão.

- Volta de Henderson
Se tudo leva a crer que será um ataque contra defesa, Klopp volta a contar com um dos jogadores mais importantes para o equilíbrio coletivo.
Jordan Henderson acrescenta diferentes características ao trio de meio-campo. Ajuda a preencher um espaço que viu Fabinho cair de produção nas últimas semanas, mas também oferece uma importante combinação com Alexander-Arnold pela direita.

Além do passe longo para acionar o trio de ataque em profundidade, Henderson também cria situações ofensivas se projetando pela faixa direita, o que pode tirar o conforto de Renan Lodi, que fez ótima partida em Madri.