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OpiniãoEsporte

Vá ao estádio e ao metrô, apesar da tragédia de todos os dias

A queda de placa do anel superior sobre dois torcedores na parte inferior do estádio é uma tragédia.

Não pode acontecer. O São Paulo presta socorro à medida do que consegue. Não vai consertar a tragédia.

Uma pessoa morrer no metrô da maior capital da América Latina é, também, aterrador.

Durante mais de trinta anos, houve quem afirmasse em rede nacional: "Não vá ao estádio".

Se for assim, não entre no metrô.

Não se trata disso. Eu entro num vagão de metrô, também numa arquibancada, e todos temos de cobrar por providências para que acidentes, incidentes e irresponsabilidades não voltem a acontecer.

O MorumBis melhorou muito nos últimos vinte anos. Não é arena, nem arenização, esta palavra surrada.

Neste espaço, não se acredita em elitização proposital dos estádios. Pelo menos, não só nos estádios. Talvez exista nos supermercados e nos estádios. Nos cinemas e nos estádios. Nos parques públicos, agora privados, e também nos estádios.

O público médio em jogos de futebol aumentou, embora o poder aquisitivo do brasileiro tenha diminuído. O que explica isso é uma soma de fatores.

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Hoje se afirma: "O ingresso mais barato para Palmeiras x Bolívar é R$ 220!"

Não é!

Dizia-se o mesmo quando houve a semifinal do Campeonato Paulista entre Palmeiras x São Paulo. Houve 38 mil pagantes e renda de R$ 5,3 milhões. Se o bilhete mais acessível custasse R$ 220, faça a conta... A renda tinha de ser R$ 8,5 milhões.

Você prefere a arena ou o estádio raiz?

Quem ama futebol sempre prefere jogo bom, com conforto.

Quem foi a partidas de 100 mil torcedores sabe que era sensacional — e também terrível.

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Ou chegava-se ao meio-dia para o apito inicial às 17 horas, ou chegava mais perto do horário e não conseguia ver o primeiro tempo, ou se espremia na arquibancada.

É muito melhor um estádio de 60 mil com 60 mil bem acomodados. É muito melhor não correr o risco de uma placa de metal cair em sua cabeça.

O São Paulo precisa fazer todos os esforços para corrigir o absurdo erro de organização que pode causar danos irreparáveis a duas pessoas e a uma família inteira.

Pode causar morte, neste episódio ou em outro daqui a pouco tempo.

Pode acontecer também em estádios mais modernos, como Allianz Parque, Neo Química Arena, Fonte Nova, Santiago Bernabéu... Pode. Conforto não pode ser sinônimo de elite.

Não precisa custar caro.

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Não precisa sentar no cimento duro, para ver jogo barato. Precisa haver segurança e, se necessário, subsidiar a presença de quem quer ir ao jogo.

O público médio no Brasil melhorou por causa dos planos de sócios torcedores com fidelização, dos estádios servidos por metrô de 800 a 1200 metros de distância, pelos banheiros limpos, que aumentaram a presença feminina.

Se o não sócio paga R$ 220 para um jogo de Libertadores na noite desta quinta-feira, em Palmeiras x Bolivar, o ingresso de sócio torcedor pode sair por R$ 40, R$ 43 ou R$ 37 dependendo da sua conta. E se você sair para tomar uma cerveja? Vai gastar quanto?

No cinema, há dez dias, custou R$ 61 para assistir "Homem com H".

O MorumBis tem de resolver sua segurança, modernizar-se mais do que já conseguiu fazer...

O Metrô de São Paulo também.

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Ir ao estádio é tão seguro quanto to quanto andar de metrô na maior capital da América Latina.

A gente não deveria precisar debater a segurança nem no estádio, nem na estação.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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