Mestre de Carlo Ancelotti afirma: 'Tem a intuição que os outros não têm!'
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Arrigo Sacchi era o técnico da Itália na Copa do Mundo de 1994. Fez de Carlo Ancelotti seu assistente técnico mais direto e fiel.
Também dirigiu o Milan bicampeão da Liga dos Campeões de 1989 e 1990, com Carlo Ancelotti como seu líder. Não o capitão, mas a referência de sua equipe. Foi quem pediu sua contratação a Silvio Berlusconi. Ouviu que Ancelotti tinha problemas graves nas pernas e não poderia jogar em alto nível. "Não o estou contratando pelas pernas, mas pela cabeça", respondeu Sacchi.
Esta cabeça foi o assunto da conversa de vinte minutos, por telefone, na manhã de segunda-feira, logo depois do anúncio da contratação do treinador pela seleção brasileira.
PVC - Arrigo, Carlo Ancelotti acaba de ser anunciado pela seleção brasileira. O que você pode dizer sobre ele?
ARRIGO SACCHI - Seu currículo fala por si só. Ele é o futebol, il calcio Foi dos meus jogadores mais importantes, Depois, meu treinador por dois anos na seleção da Itália. Fiz questão de contratá-lo. Começamos a montar o grande Milan com uma série de jogadores da Série C. Então, pedi que trouxessem Ancelotti da Roma. Berlusconi ouviu médicos e informaram que tinha problemas sérios nas pernas, que não poderia mais jogar em alto nível. Respondi. Não queria contratá-lo pelas pernas. Queria por sua cabeça. Foi meu líder.
PVC - Então você o levou para a Copa do Mundo de 1994 como seu assistente...
ARRIGO SACCHI - Ele era meu treinador. Me dizia, preste atenção a este jogador. E ele sempre tinha razão. Eu pedia a ele também que observasse, compreendesse o que estava acontecendo. Tinha enorme visão tática. Sobretudo, é uma grande pessoa. Isto o ajuda muito a ser o grande profissional que é.
PVC - Arrigo, você foi um revolucionário, mudou o jeito de a Itália jogar. Ancelotti parece diferente. Um líder de pessoas, mais do que um transformador do jogo. Como você avalia isso?
ARRIGO SACCHI - Preste atenção ao que vou dizer, porque é sério. Carlo tem algo que os outros técnicos não têm. Uma intuição, uma capacidade de enxergar o que está por trás do jogo, que tem a ver com o fato de ser uma pessoa extraordinária. Ele trabalha com pessoas e as compreende. É verdadeiramente algo que os outros técnicos não têm.
PVC - Ele é melhor do que o senhor foi?
ARRIGO SACCHI - Eu trabalhei com ele por seis anos. Quatro como jogador, quando não queriam que nós o contratássemos. E ele foi um líder. Depois, dois anos como meu assistente direto, meu segundo treinador. Não se trata de ser melhor, somos diferentes. Preste atenção. tem algo que os outros técnicos não têm.
PVC - Como foi a experiência com ele como assistente na Copa do Mundo de 1994?
ARRIGO SACCHI - Nós não ganhamos a Copa do Mundo, porque enfrentamos o Brasil e porque tivemos dificuldades gigantescas de músculos. Chegamos a Nova York, onde havia umidade do ar de 100% e temperaturas acima de 42 graus. Os preparadores físicos diziam que ao final de vinte dias não teríamos mais músculos e pernas. E foi o que aconteceu. Para piorar, jogamos a final contra o Brasil, que tinha jogadores extraordinários, no sol do meio-dia, do outro lado do país e recuperando um jogador, como Baresi, que havia sofrido uma lesão de joelho há menos de vinte dias. E levamos essa decisão para os pênaltis. Carlo me dizia: preste atenção a este jogador. Ele é verdadeiramente extraordinário.
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