Brasil demitiu técnico por empatar com Colômbia e hoje a enxerga como rival
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A seleção brasileira desembarcou no Rio de Janeiro, depois de empatar com a Colômbia por 0 x 0, no dia 21 de fevereiro de 1977. Osvaldo Brandão ficou em Bogotá. A Folha de S. Paulo informava que Brandão estava decidido a manter a mesma formação, apenas com a inclusão de Luís Pereira na defesa, no jogo de volta, em 9 de março, no Maracanã.
Não deu tempo. Na partida seguinte, Cláudio Coutinho estava no banco.
A demissão de Brandão foi tratada por muito tempo, pela imprensa, em São Paulo, como preconceituosa. "Diziam no Rio que ele comia macarrão com ovo", dizia o repórter Vital Battaglia. Fato é que Brandão caiu por empatar com a Colômbia.
Até aquele 0 x 0 chocho, o Brasil havia enfrentado os colombianos seis vezes, vencido todas, 30 gols marcados, só três sofridos. A Colômbia era o país do Eldorado, que levou Di Stéfano, Pedernera, Nestor Rossi, Heleno de Freitas e o pai de Paulo Cezar Caju, Marinho Rodrigues. Aprendeu a jogar com brasileiros e argentinos, na década de 1950, mas demorou a ter uma geração poderosa.
Em 1985, oito anos após a queda de Brandão por empatar 0 x 0 em Bogotá, a seleção dirigida por Evaristo de Macedo perdeu por 1 x 0, gol de Lugo. Ainda não era a geração de Valderrama e Rincón, mas a base montada pelo América de Cáli, três vezes seguidas vice da Libertadores, começou a criar um monstro.
Entre 1985 e 1991, o Brasil enfrentou os colombianos três vezes e não ganhou nenhuma. Perdeu também na Copa América do Chile, em 1991, Viña del Mar. Empatou na Copa América, em Salvador, 1989.
Passaram-se 34 anos até a seleção cair de novo, na Copa América de 2015, outra vez no Chile. Entre os triunfos colombianos de 1991 e 2015, foram 14 partidas, nove vitórias brasileiras, cinco empates.
Nos últimos dez anos, mudou.
Não de forma inédita, mas do mesmo modo como havia se transformado a relação entre as duas seleções de 1977 a 1991. São dez jogos, quatro vencidas pelo Brasil, duas pela Colômbia, quatro empates. A seleção não ganhou os dois últimos encontros, perdeu em Barranquilla, empatou na Califórnia na Copa América, não ganha desde 2021, quando fez 1 x 0 na Neo Química Arena, gol de Paquetá.
A Colômbia tem jogadores excelentes, como Luis Díaz. O Brasil também. Por 17 anos, este ex-país do futebol esperou por ter o melhor jogador do mundo, menos tempo do que para ter um tenista relevante. Agora tem Vinicius Júnior, no topo do planeta. E a seleção é apenas a quinta melhor do continente.
Entre o crescimento da Colômbia e o enfraquecimento do Brasil, há mais do que apenas a medida da qualidade individual dos jogadores.
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