Gramado sintético tem de acabar só quando acabarem os esburacados

O Brasil é o país em que, em se plantando, tudo dá, menos grama em campo de futebol. Foi assim que Pero Vaz de Caminha escreveu em carta para o Rei Dom Manuel?

Não foi.

Escreve que, nesta terra, em se plantando tudo dá. Mas grama nasce na Inglaterra, Holanda, Escócia, Rússia, Japão... E não nasce aqui, onde há sol o ano inteiro.

E não tem grama de qualidade no Maracanã, no Castelão, na Arena do Grêmio, em São Januário, na Fonte Nova, Ilha do Retiro, Barradão...

Na Inglaterra, os campos eram pântanos a partir da aproximação dos invernos, em novembro, e foi assi até o nascimento da Premier League. Só então os campos passaram a ser rigorosamente inspecionados, o que acabou com o kick and rush. Parecia estilo jogar a bola para o alto e correr atrás dela? Não era estilo. Era necessidade.

Como é aqui, jogando em gramados de péssima qualidade, como os que causaram lesão em Bruno Henrique, o Maracanã, e em Alisson, no Morumbi.

O relatório de lesões do Campeonato Brasileiro de 2023, que continha rescaldo de lesionados em 2022, mostra que houve muito mais machucados em campos esburacados do que em sintéticos.

Sem um detalhamento tão preciso quanto o que está descrito aí abaixo, no ano passado o lateral Viña, do Flamengo, teve lesão de joelho contra o Flamengo, no Maracanã. O volante Alisson, do São Paulo, rompeu o ligamento cruzado em partida contra o Grêmio, no MorumBis. O centroavante Pedro machucou o joelho num treino da seleção, em campo natural.

Os acidentes são mais comuns em campos ruins. Sejam os sintéticos ou os esburacados.

É justo pensar num prazo para acabar com os campos artificiais no futebol brasileiro. Um ano, dois anos de prazo... Perfeito. No mesmo período, têm de acabar os campos esburacados, destroçados, desalinhados. Todos os que aumentem o risco de lesão.

Abaixo, o relatório de lesões feito por este blog, antes do início do Brasileirão 2024:

AMÉRICA - Adyson (Treino), Varanda (Independência), Nicolas (Independência)

ATHLETICO PARANAENSE - Vítor Roque (Arena da Baixada), Fernando (Morumbi)

ATLÉTICO MINEIRO - Arana (Mineirão), Battaglia (Arena MRV), Vargas (Mineirão)

BAHIA - Raul Gustavo (Treino)

BOTAFOGO - Patrick de Paula (Mané Garrincha, Brasília), Rafael (Nílton Santos)

BRAGANTINO - Raul (Nabi Abi Chedid), Lucas Cunha (Nabi Abi Chedid), Léo Ortiz (Maracanã)

CORINTHIANS - Renato Augusto (Montevidéu), Paulinho (Argentinos Juniors), Mosquito (Neo Química Arena)

CORITIBA - Thiago Dombroski (Treino)

CRUZEIRO - Ramiro (Treino), Wesley Gasolina (Independência), Rafael Bilu (Independência)

CUIABÁ - Uendel (Arena Pantanal)

FLAMENGO - Bruno Henrique (Maracanã)

FLUMINENSE - Jorge (CT Carlos Castilho), Manoel (Raulino de Oliveira), Alexander (Mineirão), Samuel Xavier (Maracanã)

FORTALEZA - Pedro Rocha (Fonte Nova), Hércules (Castelão)

GOIÁS - Gabriel Novaes (Treino)

GRÊMIO - Geromel (CT do Grêmio), Fábio (Arena do Grêmio), Jhonnata Robert (CT do Grêmio), Mila (CT Hélio Dourado, da base do Grêmio)

INTERNACIONAL - Gabriel (Beira Rio)

PALMEIRAS - Dudu (Allianz Parque)

SANTOS - Felipe Jonatan (Vila Belmiro)

SÃO PAULO - Ferraresi (Allianz Parque), Galoppo (Allianz Parque), Rodrigo Nestor (CT do São Paulo)

VASCO - Patrick de Lucca (CT do Vasco)

Allianz Parque - 3

Arena da Baixada - 1

Arena do Grêmio - 1

Arena MRV - 1

Arena Pantanal - 1

Beira Rio - 1

Castelão - 1

Fonte Nova - 1

Independência - 4

Mané Garrincha - 1

Maracanã - 3

Mineirão - 3

Morumbi - 1

Nílton Santos - 1

Nabi Abi Chedid - 2

Neo Química Arena - 1

Raulino de Oliveira - 1

Vila Belmiro - 1

Exterior - 2

Treino - 11

Sintético - 4

Natural - 37