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O capitão Danilo e o sentimento dos jogadores pela seleção brasileira

O texto publicado pelo capitão da seleção brasileira no The Players Tribune, o lateral Danilo, repercutiu no Brasil mais pelo relato de sua depressão no Real Madrid do que por sua alegria ao vestir a camisa amarela. As duas questões são muito importantes.

Contar que não se sentir o "Baianinho", apelido pejorativo da infância por ser orgulhosamente o filho do Baiano, em seu início no Santiago Bernabéu. Que falhou contra o Alavés, voltou para casa e escreveu em seu caderno que era hora de abandonar o futebol. Tinha 24 anos, era o jogador de defesa mais caro da história do Real Madrid, atribuía a si mesmo a responsabilidade de atuar como um craque de 31 milhões de euros, em vez de ser o menino de Bicas que se tornou a maior revelação da lateral direita do país desde Maicon.

Seu relato é devastador e fez muita gente deixar em segundo plano outra parte riquíssima de seu depoimento sobre a camisa da seleção. "Nunca vou me esquecer da primeira vez que fui convocado para a Seleção sub-20. Nós estamos no Paraguai para a estreia no Sul-Americano e, na noite anterior, a única coisa que eu conseguia pensar era como seria a minha camisa pendurada ali no armário. Será a amarela ou a azul? Por favor, que seja a amarela. Na manhã seguinte, eu limpei minhas chuteiras umas três vezes de tanta ansiedade pra jogar. Então, finalmente cheguei no vestiário, e o que eu vi foi o seguinte: 'D A N I L O 2 - A amarelinha perfeita. O número verde. O meu nome. P***! Fiquei ali sentado, segurando a camisa nas mãos, como um bebê recém-nascido, e foi isso que meu rosto parecia…."

Danilo diz que todo jogador da seleção sente e deseja a camisa do Brasil, que se cobram quando escutam que não ligam, que não têm raça ou paixão, que é só mais um jogo, mais um torneio: "Mentira! É o Brasil! Você sempre sente a pressão!"

A ausência de Casemiro, por opção de Dorival Júnior, faz de Danilo o capitão, função que já compartilhava sem a faixa, informalmente, nos últimos anos. Danilo foi um dos líderes do movimento contra a Copa América de 2021 no Brasil, em plena pandemia. Conversou, debateu e contestou as decisões do ex-presidente Rogério Caboclo. Participou de reuniões das quais os jogadores saíram assustados e atônitos com a forma com que o então mandatário da CBF se apresentava.

Aquela competição fez muito bem à Argentina e ajudou a consolidar o grupo, mais tarde campeão mundial, atrapalhou e derreteu o ambiente da seleção brasileira, que defendia o troféu da Copa América de 2019.

Toda essa experiência precisa estar no processo de reconstrução, que se inicia contra a Costa Rica, nesta segunda-feira. Que passou pelas derrotas nas últimas cinco Copas, que o grupo atual viveu como torcida ou no vestiário.

Romário afirma, no documentário "O Cara" que é uma lenda quando se afirma que a derrota faz bem. Mas dez entre onze titulares do tetra, em 1994, confirmam que a experiência de 1990 ajudou a moldar o caráter da campanha dos Estados Unidos. Conjugavam-se os verbos mais na primeira pessoa do plural, nós, do que no singular, eu.

Danilo é o fio condutor das derrotas de 2018, com Marquinhos e Alisson, e 2022, com os dois companheiros da Rússia e mais Vinicius Junior, Rodrygo, Martinelli, Paquetá, Militão, Raphinha, Bremer e Bruno Guimarães. Dos 26 convocados, onze conhecem a dor da derrota. Em parte, podem sentir o mesmo que Danilo, ao ouvirem que não têm compromisso, que não ligam para a seleção, que é só mais um jogo, apenas mais um torneio.

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Pode ser assim para quem não faz questão de assistir à estreia na Copa América.

Para os jogadores, todos eles, é o início do sonho de ser campeão mundial, daqui a dois anos. O depoimento de Danilo é revelador.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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