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Posse de Bola

Raí errou mais uma vez. E não terá outra chance...

Colunista do UOL

01/10/2020 11h23

Raí fez mais um pronunciamento, desta vez após a eliminação do São Paulo na fase de grupos da Libertadores - único time brasileiro que não disputará o mata-mata da competição. Bancou Fernando Diniz como técnico, avaliou o trabalho como bom ("tem conteúdo") e diz acreditar que o treinador possa melhorar o desempenho da equipe nas competições restantes: Brasileiro, Copa do Brasil, Sul-Americana.

Sendo assim, é praticamente impossível a troca de treinador no São Paulo até dezembro, quando se encerra o mandato de Leco e o contrato do próprio Raí. A menos que saiam todos eles numa canetada inesperada de um presidente anestesiado.

O balanço da gestão de 5 anos do atual comandante do São Paulo está na boca do povo. Leco vai entregar um São Paulo sem títulos e com um rombo financeiro maior que encontrou. Um desastre. Mas e o balanço do Raí dirigente, que teve carta-branca e salário polpudo para comandar o futebol do clube nos últimos dois anos?

Raí é uma completa decepção como dirigente. Lembra a passagem de Roberto Dinamite pela presidência do Vasco. Um dos maiores ídolos da história do clube como jogador, ele errou praticamente em tudo como "cartola". A despeito de ser bem remunerado, arriscou sua reputação, abriu mão de sua vida pessoal, mas no fim das contas ... não tem desculpa.

Equivocou-se em diversas contratações, não construiu uma linha de comunicação com o torcedor e, pior de tudo, abraçou uma causa romântica e furada de um "estilo de jogo", bonito e propositivo num clube que pede outra coisa no momento de maior crise de sua história: vitórias, títulos.

Em nome do "conceito", Raí foi responsável pela injustificável troca de Diego Aguirre por André Jardine e, mais recentemente, há um ano, pela escolha sem pé nem cabeça de Fernando Diniz como comandante do time. O São Paulo disputou as duas últimas Libertadores, o torneio que mais preza, com Jardine e Diniz no comando, com o respaldo de Raí. Fracassou, claro, precocemente nas duas ocasiões. Tava na cara. Tá na cara. Mas Raí segue bancando teimosamente essa ideia, definhando semana a semana como o time de Diniz.

Grande sujeito fora de campo, íntegro, inteligente, com responsabilidade social, Raí deixa como único ponto positivo no cargo de diretor do São Paulo a marca de "não ter lesado o clube", como fazem vários dos cartolas. É pouco. Muito pouco. Quase nada, né? (Por Arnaldo Ribeiro)