Topo

Posse de Bola

Com grana sobrando, clubes brasileiros quebraram. Como será pós-pandemia?

Colunista do UOL

03/04/2020 14h59

Os clubes brasileiros nunca viram tanto dinheiro em sua história como nos últimos anos. A briga por direitos de TV se acirrou, permitindo um aumento significativo nos contratos. Sim, é verdade que a divisão do bolo ficou mais desequilibrada, mas fato é que nunca na história entrou tanto dinheiro nos cofres.

Além disso, foram criados mecanismos de renegociação de dívidas que foram altamente vantajosos para eles. A ponto de ser criada a Timemania e, poucos anos depois, o Profut. Porque a primeira medida só serviu para que a caneta e o cheque nas mãos dos cartolas pudessem ser usados com menos parcimônia. Aumentou a arrecadação, mas as dívidas dos clubes aumentaram ainda mais, salvo raríssimas exceções já bastante conhecidas.

A última cartada vinha sendo arquitetada: os modelos de clube-empresa. Seria a nova salvação da lavoura. A terceira em menos de 20 anos.

Até que chegou o coronavírus. A bola parou, as torneiras secaram e não existe nem a menor ideia de quando as coisas poderão voltar minimamente à normalidade no Brasil e no mundo.

O clima de barata-voa se instalou, foram feitas propostas de redução salarial, tudo ainda muito incerto, sem atenção a detalhes como o fato de que a parcela de jogadores que ganha salários astronômicos é minúscula com relação ao universo inteiro do futebol.

Mas fato é que ninguém sabe o que fazer nem quando fazer. Os clubes estão como sempre na mão de gestores incapazes, mas desta vez não tem grana entrando, não tem perdão de dívidas e, para piorar, talvez não tenha nem o mercado europeu forte para contratar, visto que a pandemia atinge a todos.

Quando o vento soprou a favor, deu para contar nos dedos quem conseguiu aproveitar para se estruturar financeiramente. Agora, na guerra, o cenário mudou. A única coisa que não mudou é o comando do leme, que segue nas mãos dos mesmos sujeitos.