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Melhora atual da Red Bull pode ser uma má notícia para Verstappen em 2026

Max Verstappen foi para a pausa de agosto da Fórmula 1 falando que não venceria mais corrida nenhuma nesse ano, desanimado com as peças que a Red Bull colocava no carro e que não funcionavam como eles esperavam. De lá para cá, venceu duas e terminou em segundo nas outras duas corridas disputadas.

Nada disso foi por acaso. A Red Bull seguiu desenvolvendo o carro, trouxe um novo assoalho para Monza, duas evoluções seguidas de asa dianteira, e demonstrou a melhora primeiro em dois circuitos de baixa pressão aerodinâmica - Monza e Baku - e depois em pressão aerodinâmica máxima, em Singapura.

É bem verdade que Verstappen só conseguiu segurar a McLaren de Lando Norris pela natureza do circuito, muito travado, mas ele se classificou à frente do inglês e de seu companheiro, o líder do campeonato, Oscar Piastri. E isso aconteceu em um tipo de pista em que a McLaren andou muito bem no passado.

Mas o time que já selou a conquista do bicampeonato de construtores parou o desenvolvimento do carro bem cedo, focando totalmente na mudança de regulamento de 2026. A Red Bull não podia fazer isso: a perda do domínio que eles tiveram em 2023 colocou sérias dúvidas nas ferramentas de simulação da equipe e era preciso entender o que deu errado.

Foi por isso que a Red Bull seguiu desenvolvendo o carro, como revelou o chefe da equipe, Laurent Mekies, que não é quem tomou essa decisão, algo estratégico que foi estabelecido bem antes de julho, quando assumiu.

Foi e é muito importante que consigamos entender se o projeto [atual] tem mais desempenho. É importante que cheguemos à raiz da questão, porque elaboraremos o projeto do próximo ano, mesmo que os regulamentos sejam completamente diferentes, com as mesmas ferramentas e metodologia. E é muito importante que validemos com o carro deste ano se a forma como estamos analisando os dados está correta, se a forma como estamos desenvolvendo o carro está correta, [o que] produziu esse nível de desenvolvimento, que nos dará confiança no inverno para o carro do próximo ano.
Laurent Mekies, chefe da Red Bull

Postura da Red Bull tem lado positivo e negativo

O primeiro é que os resultados do desenvolvimento estão aparecendo e Verstappen agora está bem mais confortável com o carro. Inclusive a ponto de se colocar na disputa pelo título mesmo 63 pontos atrás.

O lado negativo é que as equipes, por regulamento, são limitadas no investimento de desenvolvimento e também no tempo de túnel de vento e simulações em computador.

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Foi justamente por isso que a McLaren parou o desenvolvimento faz tempo, a fim de focar todos os recursos em 2026. Equipes como Williams e Alpine tiveram abordagens ainda mais radicais, abandonando completamente o carro deste ano desde janeiro.

"É claro que isso tem um custo, sem dúvida, para o projeto de 2026, mas sentimos que é a troca certa para nós, sem julgar o que os outros estão fazendo", disse Mekies.

Há duas maneiras de interpretar isso. Primeiro, é preciso lembrar que a Red Bull tem mais tempo de desenvolvimento que a McLaren, porque isso é definido na ordem inversa da posição no campeonato. Então, eles podem, em teoria, gastar o mesmo tempo da McLaren com o carro de 2026 e, ainda assim, teriam uma sobra para focar em 2025.

Outra teoria é que a Red Bull já sabe que não vai lutar pelo campeonato ano que vem, já que a mudança é do carro e do motor ao mesmo tempo, e eles estão produzindo sua própria unidade de potência pela primeira vez. Dentro desse cenário, podem arriscar mais.

O que está claro é que Verstappen não vai esperar para ver: agora que está mais feliz com o carro, vai tentar de tudo para conquistar o penta em 2025.

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