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F1 não é filme para iniciados, mas busca não decepcionar os fãs do esporte

'F1: O Filme' estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, mas os testes de audiência já rolavam há semanas nos Estados Unidos juntamente de duas perguntas. Antes da sessão, os presentes respondiam se já tinham visto uma corrida de F1 na vida. Um ou outro levantava a mão. Depois de verem o filme, eles respondiam se agora gostariam de ver uma corrida de F1. E todo mundo levantava.

Para a categoria, no final das contas, é esse o objetivo. Eles sabiam que a fórmula da Netflix 'Dirigir para Viver', teria data de validade (e a queda de mais de 20% na audiência da sexta temporada comprova a teoria) e ao mesmo tempo esse era o momento de surfar no interesse que o esporte gerou no mercado americano para trazer a Apple para a jogada e apostar muito alto em uma produção estrelada por Brad Pitt e comandada pela dupla de sucesso em Top Gun: Maverick, Jerry Bruckheimer e Joseph Kosinski.

"Acho que há muitas oportunidades aqui", reconheceu Eddy Cue, vice-presidente sênior de serviços da Apple, ao UOL. "Acho que é ótimo que muitos americanos tenham descoberto [a F1], mas, honestamente, é muito pequeno, menor ainda do que eu pensava", disse ele sobre o impacto da série documental.

'Dirigir Para Viver' é cativante por capturar o lado humano que muitas vezes fica escondido atrás do capacete, mas qualquer um que comece a acompanhar de fato a categoria logo percebe uma série de exageros e licenças poéticas.

'F1: O Filme' visa dar um passo além disso, focando muito no realismo das cenas de corrida, com o cuidado de contar com Lewis Hamilton como produtor, e com a consultoria de engenheiros como Ruth Buscombe Divey.

E essa é a parte que funcionou muito bem e na qual Cue, fã de F1, também teve um papel.

"Obviamente, como eles sabiam que eu tinha interesse pelo esporte, colaboramos nisso, mas eu só queria ter certeza de que faríamos algo verdadeiramente autêntico e que eu amaria. Eu não queria que um fã de Fórmula 1 assistisse ao filme e pensasse: 'Ah, isso é Hollywood, ou simplesmente não é real, ou não é assim que as coisas são'. Mas eu não estava tão preocupado com isso, porque quando você tem Joe e Jerry envolvidos, eles são os melhores do mundo nisso, e eu sabia que eles fariam isso muito bem. Então, nós apenas tínhamos que garantir que fosse criado um ambiente e uma maneira de trabalharmos juntos para garantir que fosse o melhor filme possível."

Pelas críticas que o filme tem recebido mundo afora, existe mesmo muito realismo e isso tem garantido notas altas de avaliação. O fã muito provavelmente vai aprovar. Mas a F1 em si não é um esporte muito cinematográfico em termos de narrativa. Ninguém vai ao cinema querendo uma história de engenharia, de precisão.

É aí que o fã de F1 vai ter que relaxar. A categoria se torna um pano de fundo para uma história que vende, da "redenção", como define Cue, do personagem de Brad Pitt. Isso sim, vende. E tomara que traga mais uma leva de novos torcedores para ver as corridas de verdade.

Reportagem

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