Pole Position

Pole Position

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Red Bull vê rivais tentando 'cavar' suspensão automática para Verstappen

A vitória de George Russell no GP do Canadá só foi confirmada quase cinco horas após a bandeirada depois que a Red Bull entrou com um protesto contra o piloto da Mercedes, pedindo para que a direção de prova voltasse a avaliar um incidente entre ele e Max Verstappen nos instantes finais da corrida.

Ao comentar sobre o motivo do protesto, o chefe da Red Bull, Christian Horner, deu um detalhe curioso: disse que tinha avisado o diretor de prova, o português Rui Marques, sobre possíveis tentativas de rivais buscarem uma punição para Verstappen.

O tetracampeão fez o último fim de semana e fará a próxima corrida na Áustria a apenas um ponto de punição de uma suspensão automática de uma corrida.

Essa conversa ocorreu na sexta-feira, depois da reunião que equipes e pilotos sempre fazem com a direção de prova após os treinos livres.

"Foi só para que eles tivessem isso em mente, porque era claro que esse tipo de coisa poderia acontecer", explicou Horner após o GP. "Só dissemos para ele: 'Olha, por favor fique atento a isso porque houve comentários nesse sentido feitos na mídia'."

Horner não está errado. Esses comentários vieram principalmente de Russell, que volta e meia tenta alimentar uma rivalidade com Verstappen. "Provavelmente conhecendo-o como eu conheço, ele provavelmente vai pilotar de maneira mais agressiva, porque daí ele pode ter um fim de semana de folga em casa. Não sei, mas vamos esperar que sim."

Depois de fazer a pole e ver Verstappen em segundo, Russell logo fez questão de lembrar que tem "menos pontos de punição" do que outros, mais uma referência direta à situação de Verstappen.

Foi por conta desse pano de fundo que algo que passaria em branco em outras situações e que nem foi citado pelos pilotos nas entrevistas pós-corrida virou tema de uma decisão demorada, que acabou sendo contra a Red Bull.

O que a Red Bull protestou

A prova estava neutralizada por um Safety Car. Russell era o líder, com Verstappen em segundo. Em determinado momento, na reta mais longa do circuito, Russell procura Verstappen em seu espelho retrovisor e aciona o freio. E isso faz com que o holandês o ultrapasse momentaneamente, o que não é permitido pela regra.

Continua após a publicidade

Russell logo vai no rádio e avisa a Mercedes que Verstappen o passou. Dentro do contexto dos 11 pontos de punição que o tetracampeão tem, a Red Bull entendeu que o inglês só fez tudo isso para provocar mais uma punição e a suspensão automática de seu piloto.

Se foi uma isca ou não, os comissários não entenderam dessa forma. E nem entenderam que Verstappen estava descumprindo as regras. No texto da decisão contrária ao protesto, eles explicam que entendem que os pilotos às vezes ultrapassam momentaneamente um o outro, e também podem frear para manter as temperaturas dos pneus e freios. E aceitaram a explicação de Russell de que ele olhou no retrovisor para ver se Verstappen estava imediatamente atrás dele. Quando viu que Max estava do seu lado direito, acionou o freio para aumentar as temperaturas.

Desde o início, parecia mesmo um apelo com poucas chances de mudar o resultado da prova, mas a revelação de Horner sobre a conversa com Marques deixa a impressão de que o intuito era mais deixar claro para Russell que eles estão de olho nas ações do inglês, e até documentar na FIA que essa suspeição foi levantada.

Afinal, Verstappen ainda vai correr na Áustria, que é um circuito que vira e mexe gera disputas polêmicas até pela natureza de suas curvas, pendurado. E terá ainda um longo caminho até o GP de São Paulo, em novembro, sem poder levar mais do que três pontos de punição.

Para ter qualquer chance de capitalizar na disputa interna dos pilotos da McLaren e disputar o título, ele não pode ter um "fim de semana de folga".

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.