GP de Mônaco mirou na emoção, mas virou 'corrida manipulada de Mario Kart'
Ler resumo da notícia

Ninguém achava que seria uma revolução, e certamente a obrigatoriedade do uso de três jogos de pneus durante o GP de Mônaco ajudou a movimentar mais a corrida. Mas, no final das contas, os pilotos não estavam muito convencidos de que foi uma boa ideia.
"A gente está quase fazendo Mario Kart. Talvez pudessem jogar bananas na pista", disse Max Verstappen, que tentou algo diferente e ficou na liderança até o finalzinho da prova esperando uma bandeira vermelha que lhe daria a vitória. "Não dá para correr aqui. No final, meus pneus estavam acabados e ninguém conseguia me passar. Dá para um carro de Fórmula 2 segurar um carro de Fórmula 1 aqui."
George Russell disse exatamente a mesma coisa. E com dados. "Você precisa de quatro segundos e meio de diferença entre dois carros para ter 50% de chance de ultrapassar. Não sei qual é a solução."
A solução mesmo passaria por mudar a pista, algo que a F1 estuda há anos, sem conseguir chegar a um acordo com o Principado. E diminuir a largura dos carros, o que será feito ano que vem.
O que foi testado no GP deste fim de semana, vencido por Lando Norris, era uma medida paliativa. No final das contas, os três primeiros colocados - Norris, Charles Leclerc e Oscar Piastri - largaram e chegaram no mesmo lugar com a mesma estratégia.
Na briga por pontos, uma corrida lenta
Foi mais atrás no pelotão que aconteceu o inevitável: todas as equipes queriam estar na situação de pedir para um piloto andar lento para o companheiro poder fazer a parada e voltar sem trânsito. Para isso, eles teriam que perder 3, 4 segundos por volta. E é claro que os pilotos que estiveram nesta situação saíram decepcionados. Para eles, não foi exatamente uma corrida.
"Em última análise, você está manipulando a corrida, manipulando o resultado", reconheceu Carlos Sainz, que foi beneficiado pelo ritmo lento adotado pelo companheiro Alex Albon. "Devemos encontrar uma maneira de impedir que isso seja feito no futuro, porque minha sensação é de que a cada ano o pessoal tenta fazer isso de maneira cada vez mais acentuada."
Sainz tem razão. Adotar um ritmo lento de propósito tem feito parte das corridas de Mônaco, assim como também de Singapura, pela dificuldade em se ultrapassar.
É algo que aconteceria também sem a nova regra, mas que ficou mais acentuado com ela porque os pilotos tinham, efetivamente, que parar duas vezes. Então ao invés de abrir 20s para o companheiro parar, os pilotos tiveram que abrir 40s.
Além de Albon, Liam Lawson também fez isso para ajudar a estratégia da Racing Bulls. Tanto eles, quanto as duas Williams, chegaram nos pontos. "A regra fez a gente pilotar lentamente duas vezes ao invés de uma, o que não é bom para o esporte."
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.