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Bortoleto compara início com Russell e quer responder aos críticos na pista

Qualquer um que siga a carreira de Gabriel Bortoleto de perto sabia que seu início de carreira na Sauber seria difícil. A equipe está em fase de transição, com muitas peças sendo mudadas para se preparar para se tornar a equipe de fábrica da Audi em 2026, teve o pior carro no ano passado e, em um último ano de regulamento, não tem grandes motivos para investir tantos recursos no carro de 2026.

Bortoleto, por sua vez, teve uma ascensão meteórica nos últimos dois anos, ganhando os campeonatos de F3 e de F2. O lado negativo disso é que ele apareceu bem cotado para uma vaga na F1 tarde, não tendo tido o tempo que estreantes como Kimi Antonelli, Oliver Bearman e Jack Doohan tiveram para fazer testes privados. Então ele não está em pé de igualdade com eles nem em termos de equipamento, nem de experiência.

Mas nem todo mundo entende isso, principalmente com a grande expectativa do Brasil em voltar a ter um piloto no grid depois de um hiato de sete anos. E o começo da carreira de Bortoleto tem sido marcado por muito apoio, mas também por muitas críticas de torcedores que cobram resultados melhores do piloto, que tem um 14º lugar (em prova com três desclassificações, na China) como melhor resultado nas quatro primeiras etapas.

"Eu acho que ninguém realmente entende até estar aqui no dia a dia, embora haja pessoas que são interessadas ao ponto de entender a diferença das equipes, que não é difícil você ver", disse Bortoleto em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"Eu não julgo as pessoas, elas têm expectativas altas sobre mim, querem que eu represente o país. Eu aceito, eu não vou ficar chateado por eles e eu tento não ficar olhando, mas obviamente acaba aparecendo de vez em quando você vê."

Bortoleto acha que está passando pelo mesmo que outros atletas de alta performance do futebol, do tênis e outros esportes: uma cobrança de pessoas que não são mal intencionadas, mas que não têm conhecimento profundo sobre o esporte.

"Mas é lógico que a gente sempre vê mais o negativo do que o positivo. O que eu posso falar é que 90% dos comentários, pelo menos que eu vejo e tudo, são pessoas positivas e apoiando.

Pelo menos 10% negativo, parece que é muita gente, mas fazer o quê? Faz parte. Eu espero provar que essas pessoas estão erradas com o tempo. E eu vou provar que elas estão erradas, mas isso não tem como eu ficar falando em mídia, porque isso só com resultado na pista."

Russell é exemplo para Bortoleto

O brasileiro também foi perguntado na coletiva de imprensa para o GP da Arábia Saudita sobre a diferença entre seus dois últimos campeonatos, quando estava vencendo corridas e lutando pelo título, da realidade atual.

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"Para ser sincero, não é fácil. Você está acostumado a estar nesta sala (da coletiva de imprensa, que geralmente recebe só os três primeiros), porque você vence ou está no pódio. E agora, para nós, já é uma conquista enorme se você for para o Q2. Sempre haverá alguém pagando esse preço no começo."

Bortoleto citou o exemplo de George Russell, um dos grandes pilotos do grid atual, que amargou duas temporadas inteiras na Williams sem conquistar um ponto sequer na equipe inglesa (ele só pontuou na Mercedes, quando substituiu Lewis Hamilton em uma corrida). Na verdade, Russell, que foi campeão da GP3 (hoje Fórmula 3) e da F2, só pontuou pela Williams na 11ª corrida em sua terceira temporada pelo time.

"E agora ele é um dos melhores pilotos do grid e está fazendo um ótimo trabalho. Então, é tudo uma questão de ter paciência. Não há muito que eu possa fazer agora. Apenas aprender, tentar crescer como piloto nesses momentos difíceis e fazer um trabalho melhor a cada fim de semana de corrida. E o que precisamos fazer agora é tentar orientar a equipe na direção certa com o desenvolvimento do carro", disse Bortoleto.

"Porque vimos no ano passado com a Sauber também, sabe, eles foram os últimos durante todo o ano, basicamente. E acho que com uma ou duas melhorias que eles trouxeram, eles voltaram a lutar pelo Q3. Então, não podemos desistir."

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