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F1 sem rádio dos pilotos? O que está por trás da 'nova surpresa' da FIA

O lançamento da parceria entre a Mercedes e a Adidas, na sede da empresa alemã de material esportivo na Alemanha, foi também a primeira oportunidade de falar com o presidente da GPDA (associação dos pilotos de GP), George Russell, sobre a resposta da Federação Internacional de Automobilismo aos pedidos de diálogo feitos por eles no final do ano passado: aumentar, de maneira unilateral, as punições para uma série de comportamentos considerados inadequados pela entidade, com multas bem mais altas daquelas praticadas em punições de pista, chegando até a suspensões.

Perguntado pela coluna sobre qual seria o próximo passo, Russell deu a entender que, mais uma vez, os pilotos foram pegos de surpresa.

"Para ser honesto, foi... Sempre parece que há uma nova surpresa sendo trazida para o esporte. Como você disse, o que vem a seguir? Não sabemos o que vai acontecer. Esperamos apenas que haja um relacionamento mais dual e que possamos trabalhar juntos no melhor interesse do esporte", disse Russell

"Isso não é o que tem acontecido nos últimos anos. Ainda estou otimista de que isso pode mudar no futuro porque o esporte chegou a um lugar incrível nos últimos anos e queremos vê-lo continuar crescendo. Temos o privilégio de fazer o que amamos, e as pessoas adoram assistir ao esporte de que mais gostamos. Mas todos nós precisamos trabalhar juntos, e espero que esse seja o futuro."

FIA agora quer cortar os rádios da transmissão

Quase simultaneamente, o presidente da FIA e figura central nessa queda de braço entre os pilotos e a federação, Mohammad ben Sulayem, foi além e disse que, para resolver o problema dos palavrões sendo transmitidos durante as corridas, uma solução que estaria sendo estudada é simplesmente não mostrar nada das comunicações entre os pilotos e as equipes.

"Seguimos adiante e desligamos a comunicação ao vivo? Talvez. Podemos atrasá-las? Talvez. Há muitas coisas nas quais estamos trabalhando agora com os promotores da FIA. Ainda somos os donos do campeonato."

Primeiramente, é bom salientar que os rádios já são atrasados atualmente justamente para evitar que palavrões entrem na transmissão oficial. No aplicativo da Fórmula 1, é diferente, mas é um produto consumido por uma minoria.

E é bom lembrar também que Sulayem fala da comunicação via rádio desaparecer da transmissão, e não em acabar com ela totalmente. Afinal, trata-se de algo fundamental para a segurança dos pilotos e tem papel até no controle de gastos em tempos de carros extremamente complexos, pois só os pilotos podem fazer mudanças para garantir que um carro chegue no final da prova e são inúmeros parâmetros que ele não tem como controlar de dentro do cockpit.

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Em segundo lugar, a FIA não é a dona do campeonato, ao contrário do que ele diz. Quem detém os direitos comerciais é a Liberty Media, que também é responsável pela transmissão. E a federação tem papel apenas regulador.

A impressão que fica é que os pilotos são coadjuvantes no meio de um fogo cruzado que tende a se intensificar sempre que há negociações em vigor para um novo Pacto da Concórdia, o contrato que rege justamente essas divisões de direitos e deveres de cada parte envolvida no campeonato, além do repasse de verbas. E o atual acordo vale apenas até o final de 2025.

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