Campeã McLaren terá de se adaptar às 'punições' pelo sucesso na Fórmula 1
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Não teve quem não se impressionou com a recuperação da McLaren ao longo das duas últimas temporadas da Fórmula 1: eles fizeram algo extremamente raro ao sair do último lugar na tabela no início de 2023 para o título em 2024.
São vários os fatores que contribuíram para isso, passando pela nova maneira de encarar os desafios trazida por Andrea Stella e pela atualização da fábrica, que ganhou túnel de vento e simulador novos e altamente tecnológicos. Mas não dá para ignorar a importância de uma vantagem que acaba agora que eles foram campeões: dentre os times grandes, a McLaren foi a equipe que teve mais tempo disponível para desenvolver seu carro.
Isso porque, desde 2021, a Fórmula 1 adota uma regra que limita o desenvolvimento aerodinâmico do carro com base na posição da equipe no mundial de construtores. Isso, juntamente do teto orçamentário, adotado na mesma época, está ajudando a compactar o pelotão, e também dá a possibilidade de uma ascensão como a McLaren conseguiu.
A definição do percentual de desenvolvimento permitido acontece duas vezes por ano, com base na posição no final do campeonato (para os seis primeiros meses do ano seguinte) e ao final de junho.
Ou seja, a McLaren saiu de última a primeira com os percentuais referentes à sexta, quinta, quarta e terceira colocações. Com isso, nesse meio tempo, dentre as equipes grandes, ninguém teve mais tempo de túnel de vento e simulações em computador do que eles. Agora, ou pelo menos até o final de junho, dependendo da posição deles no mundial, todas as equipes terão mais tempo que a McLaren.
Para se ter uma ideia em números reais, entre o início de 2023 e o final de 2024, a diferença de tempo total de túnel de vento entre a McLaren e a Red Bull - que foi líder por todo esse tempo e ainda pagou uma punição por 11 meses em 2023, perdendo 10% de sua alocação por ter furado o teto orçamentário - foi de 980 horas (4200 para a McLaren e 3220 para a Red Bull, ou quase 25% a mais).
O cálculo, como sempre na F1, é cheio dos detalhes e complicações, e é claro que não dá para colocar todo o crescimento da McLaren apenas nessa conta (e o exemplo da Aston Martin, que teve ainda mais vantagem nesse sentido e tem uma ótima estrutura também, é bastante válido), mas a perda dessa "regalia" vai exigir adaptações na maneira da McLaren trabalhar, pois eles vão precisar ser mais eficientes do que os rivais, usando melhor o pouco tempo que têm.
Isso, com a complicação de ter de focar muito cedo no desenvolvimento do carro do ano que vem, já que haverá uma extensa mudança de regulamento e, por regulamento, os testes aerodinâmicos para 2026 só puderam começar em janeiro deste ano.
É mais um desafio para Stella e companhia, que terão uma série de decisões difíceis pela frente para entender o que deve ser priorizado. O túnel de vento novo (que já mostrou estar bem calibrado) vai ajudar, pois traz resultados mais confiáveis. Mas qualquer passo na direção errada vai custar mais caro do que antes.
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