Aston Martin atrai chefe da Ferrari e pode ser destino de projetista famoso
O ex-diretor técnico da parte de chassi da Ferrari, Enrico Cardile, é o último grande nome atraído pelo ambicioso projeto da Aston Martin. O engenheiro italiano foi anunciado dias depois do time confirmar a chegada de Andy Cowell, peça importante no sucesso dos motores Mercedes na última década. E não há sinais de que eles vão parar por aqui: o time está investindo pesado para atrair também Adrian Newey, o maior vencedor da história da F1.
Newey estará disponível no mercado no segundo trimestre de 2025 e poderá ajudar a Aston Martin no projeto do carro da temporada seguinte, cujo desenvolvimento, por regulamento, só pode começar em janeiro do ano que vem. É em janeiro que chega Cardile, três meses depois de Cowell.
Acredita-se que, dentro de seu acordo para deixar a Red Bull, Newey só possa anunciar seu futuro em setembro. Ele tem preferido descansar e ainda não teria decidido qual é seu próximo passo. De qualquer maneira, é difícil imaginar que ele queira algo muito diferente do que tinha na Red Bull: a possibilidade de colaborar de maneira livre, sem estar presente na fábrica o tempo todo, e a liberdade de atuar em projetos de supercarros.
A Aston Martin pode oferecer tudo isso, assim como a Ferrari, equipe que apareceu cotada para ser o novo endereço de Newey logo que ele anunciou sua saída da Red Bull, no início de maio. Porém, desde o início daquele mês, ouve-se que a Scuderia teria perdido interesse em contratá-lo, o que esfriou a história da reunião de Lewis Hamilton e Adrian Newey em Maranello e serviu como incentivo para Lawrence Stroll, dono da Aston Martin, apostar mais pesado na contratação do projetista.
Newey visitou as instalações da Aston Martin e viu o segundo e terceiro prédios praticamente finalizados, dentro de uma extensa reforma pela qual a área em que a ex-Jordan funcionava passou. Isso inclui um túnel de vento avançado, a exemplo do que tem agora a McLaren, com lasers ajudando a medir os fluxos de ar.
A equipe se tornará o time de fábrica da Honda em 2026, deixando de ser cliente da Mercedes, algo fundamental para uma equipe pensar em brigar por títulos em uma era na qual os motores farão diferença. E esse projeto da Honda será em grande parte pela petroleira saudita Aramco.
É claro que nada disso é garantia de sucesso na F1, mas é inegável que Stroll tem dado os passos corretos para vencer na categoria, sem buscar atalhos.
Dentro deste contexto, Newey cairia como uma luva. Com tantos nomes fortes na equipe, ele não viria para colocar tanto a mão na massa e trabalharia de forma semelhante a como faz na Red Bull, supervisionando o projeto como um todo e apontando onde estão as janelas de oportunidade do regulamento.
A queda da Red Bull é fruto da saída de Newey?
É por conta dessa maneira de trabalhar que é difícil associar diretamente a queda da Red Bull - ou melhor, a falta de reação da equipe diante do crescimento de seus rivais - com a saída de Newey.
O anúncio de que o projetista deixaria de fazer parte do projeto da F1 com efeito imediato foi feito antes do GP de Miami. Isso coincidiu com a introdução de um pacote de atualizações da McLaren que melhoraram consideravelmente o rendimento do carro. E as novidades introduzidas no Canadá e na Áustria fizeram o mesmo com o carro da Mercedes.
Mesmo antes de Miami, a Red Bull tinha sofrido em Mônaco e tinha suado para vencer em Imola. Havia uma tendência de convergência de performance, que é lógica se pensarmos que as regras da F1 são pensadas justamente para que isso aconteça.
Desde 2021, está em vigor uma regra que limita o desenvolvimento aerodinâmico. Os limites são diferentes de uma equipe para a outra e isso é determinado pela posição no campeonato. Então, em todo o regulamento de 2022, a Red Bull teve menos tempo de túnel de vento, por exemplo, que seus rivais (principalmente ao longo de 2023, quando estavam cumprindo uma punição por passarem do teto orçamentário), e uma hora a conta iria chegar, já que as regras ficaram estáveis.
Newey poderia estar guiando a equipe para encontrar novas soluções de maneira mais rápida? Certamente. Mas de qualquer maneira, entre a concepção de uma ideia, e sua estreia na pista, há meses de trabalho. E é fato que as atualizações da Red Bull não têm gerado uma melhora tão grande como McLaren e Mercedes conseguiram e isso não é de hoje.
Newsletter
OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberÉ fato, também, que Newey foi fundamental para a Red Bull acertar a mão logo de cara com o novo regulamento. É claro que toda a estrutura da equipe era mais madura, mas é esse, também, o caminho que a Aston Martin está tentando percorrer.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.