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OPINIÃO

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Corrida incrível mostrou como a F1 também tem seus dias imprevisíveis

Carlos Sainz comemora vitória no GP da Grã-Bretanha - Bryn Lennon - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Carlos Sainz comemora vitória no GP da Grã-Bretanha Imagem: Bryn Lennon - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

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O mesmo Carlos Sainz que se surpreendeu no sábado ao conquistar a primeira pole position da carreira sem ter feito a melhor volta da vida venceu pela primeira vez na Fórmula 1 também sabendo que não fez a melhor corrida da vida. Ele foi ultrapassado por Max Verstappen após cometer um erro na primeira parte da prova, e depois ouviu uma ordem de equipe da Ferrari por ser mais lento que o companheiro de equipe Charles Leclerc. Como ele mesmo reconheceu, não era o homem mais rápido da pista neste domingo em Silverstone, mas venceu o GP da Grã-Bretanha, em sua 150ª largada na F1. Esta, que foi a melhor corrida da temporada até aqui, foi assim mesmo. Todos tiveram o que lamentar e o que comemorar neste domingo.

A vitória de Sainz parecia bastante improvável com 15 voltas para o final, quando era Leclerc quem liderava a prova e cabia a Sainz controlar o ataque de Lewis Hamilton. Isso porque o espanhol tinha feito sua parada antes dos dois e teria de se defender do inglês com pneus mais de 10 voltas mais usados, e já não tinha ritmo para tentar brigar pela vitória com o companheiro, que estava 4s2 na frente.

Mas foi justamente o fato de estar atrás de Leclerc que salvou a corrida de Sainz. Como a Ferrari perderia a dobradinha chamando ambos os pilotos juntos, o espanhol trocou os pneus duros pelos macios quando Esteban Ocon estacionou sua Alpine, com um problema na bomba de combustível, no meio da reta, causando um Safety Car. E Leclerc seguiu na pista.

"Eu sabia que era uma questão de tempo para que eu o passasse", disse Sainz, que mal sabia a vantagem que fazer a manobra no companheiro, cujos pneus demorariam mais a entrar na temperatura ideal, lhe daria. Leclerc teve uma incrível batalha com Sergio Perez e Lewis Hamilton, ambos com pneus macios e novos, e isso permitiu que o espanhol caminhasse tranquilo para uma vitória da qual vinha batendo na trave, especialmente após as performances de Mônaco e do Canadá.

O espanhol começou a temporada sofrendo mais para se adaptar ao novo carro do que Leclerc, sendo um piloto menos intuitivo e menos acostumado a carros com a traseira mais nervosa. Mas que vem crescendo nas últimas provas e, com isso e com toda a má sorte que o companheiro vem tendo, agora está a 11 pontos de Leclerc no campeonato.

Charles foi outro que teve uma tarde em que tudo pareceu dar certo e errado nesta tarde de domingo em Silverstone. Ele teve um toque com Sergio Perez na primeira volta e correu com a asa dianteira danificada, fazendo ajustes por meio do volante para conseguir reequilibrar o carro. E liderava quando a Ferrari teve a difícil escolha de entregar ou não a dobradinha parando os dois carros juntos.

Isso porque a Scuderia tinha Hamilton perseguindo sua dupla de perto. A Mercedes comprovou a expectativa de que se adaptaria bem à pista de Silverstone, algo que deve se repetir no GP da França, com características semelhantes, e o inglês brigou pela primeira vez do ano na frente. Ele, Leclerc e Perez protagonizaram a grande disputa da prova, e quem se deu melhor foi o mexicano, que foi para o fundo do grid depois do toque com Leclerc e se recuperou para ser segundo. Foi outro que viu tudo dar errado e dar certo na corrida.

E esse foi realmente o tema do dia. Que o diga o líder do campeonato, Max Verstappen, que por duas vezes parecia estar no caminho certo para mais uma vitória, que seria a sexta em sete GPs. Primeiro, na largada, quando tracionou melhor que Sainz e era o primeiro até que um terrível acidente com Guanyu Zhou, que saiu inteiro após capotar várias vezes e ir parar entre a barreira de pneus e a cerca que protege a arquibancada, causar uma bandeira vermelha.

E, na segunda vez, quando Verstappen superou o líder Sainz após um erro do espanhol. Logo depois, contudo, ele passou por cima de um detrito, que destruiu a parte de baixo do assoalho do carro, e fez com que o holandês perdesse rendimento. Antes do Safety Car, seu prejuízo era grande: Leclerc liderava e Verstappen era nono. No final, ele conseguiu se defender do ataque de Mick Schumacher (por si só, uma prova de quão lento o carro estava) para ser sétimo, enquanto o rival foi o quarto e descontou apenas seis pontos. Leclerc segue sendo o terceiro no campeonato, atrás também de Perez, que agora está a 34 pontos do companheiro.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do publicado, o piloto Serigo Perez é mexicano, e não espanhol. A informação foi corrigida.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL