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Pole Position

OPINIÃO

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Um olho no radar de chuva, o outro nos pneus: o que esperar do GP da F1

Carlos Sainz, da Ferrari, após treino de classificação para o GP da Grã-Bretanha - Mark Thompson/Getty Images
Carlos Sainz, da Ferrari, após treino de classificação para o GP da Grã-Bretanha Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

02/07/2022 16h07

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Carlos Sainz mal podia acreditar quando fez a primeira pole position de sua carreira. Afinal, ele acreditava que esse dia só chegaria quando ele fizesse uma volta perfeita e a deste sábado em Silverstone esteve longe disso. Foi uma classificação complicada pela chuva, que caiu com força logo antes da sessão e fez com que fosse bastante difícil ficar perto da perfeição esperada pelo espanhol. No melhor estilo do verão britânico, toda a preparação das equipes foi feita com a expectativa de que não choverá novamente neste domingo, mas a previsão já começou a mudar no final da tarde de sábado em Silverstone.

Agora é possível que tenhamos um cenário parecido com o deste sábado, com a chuva chegando justamente na hora da largada, às 11h pelo horário de Brasília, com força suficiente para molhar a pista, mas não para causar maiores problemas. Se isso se confirmar, o que vimos na classificação serve pouco de parâmetro, já que as primeiras posições do grid foram definidas mais por circunstâncias do que pela maneira em si que os carros funcionaram no molhado.

Fazer mais de uma volta rápida em sequência não é tarefa fácil para os carros da F1 porque o motor é híbrido e a bateria tem de ser carregada. Mas isso é virtualmente impossível em Silverstone, pista com muitas curvas de pé embaixo e em que é mais difícil recarregá-la. E é por isso que Sainz entendeu que sua volta não tinha sido das melhores: ele ficou sem bateria no final. Mas seu companheiro Leclerc tinha saído da pista e Verstappen, que também errou no Q3, acabou tendo de levantar o pé em sua melhor volta porque estava atrás do monegasco. E, na Mercedes, que de fato comprovou sua evolução e boa adaptação à pista de Silverstone, a opção foi por fazer uma volta para recarregar a bateria, o que fez com que Lewis Hamilton e George Russell perdessem o melhor momento da pista.

São todos fatores com mais cara de classificação do que de corrida, em que o uso de bateria é menos decisivo e os pilotos não estão forçando tanto. Até aqui, o que vimos foi uma Ferrari bastante confortável no ritmo de corrida, com os pilotos inclusive não se preocupando muito com a força que a Red Bull mostrou na última sessão de treinos livres, no sábado de manhã. Eles julgam que estavam forçando menos que os rivais, que buscavam comprovar se as novidades levadas a Silverstone estavam funcionando.

Segredo será ter pista livre pela frente

Mas nem Sainz, nem Leclerc, esperam vida fácil neste domingo. Silverstone é uma pista em que dá para ultrapassar, e a Red Bull tem sido um pouco mais veloz nas retas. Mas o mais importante será estar em uma posição em que será possível gerenciar bem os pneus. Silverstone é famosa por destruir o dianteiro esquerdo, e todos concordam que cuidar bem da borracha será fundamental, mesmo se a expectativa de que apenas os médios e duros serão usados se confirmar.

E nada ajuda mais a cuidar do pneu do que ter pista livre pela frente e não estar sofrendo pressão de quem vem atrás.

Isso serve tanto para a briga pela vitória, quanto mais atrás. Hamilton vai largar em quinto e não escondia a frustração de quem acreditava que seria possível estar no bolo de Ferrari e Red Bull na classificação, mesmo sabendo que o carro ainda está devendo dois ou três décimos em ritmo de corrida. Mas isso pelo menos quer dizer que ele pode fazer o próprio ritmo, ao contrário do companheiro Russell que, como no Canadá, terá de se recuperar, vindo de oitavo.

Lando Norris e Fernando Alonso são os carros que estão entre as duas Mercedes, e prometem uma briga particular para mostrar quem é a quarta força em Silverstone.