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Por que o GP na Inglaterra pode ser uma chance de ouro para a Mercedes

George Russell em ação com a Mercedes nesta sexta-feira, em Montréal  - Jiri Krenek/Mercedes
George Russell em ação com a Mercedes nesta sexta-feira, em Montréal Imagem: Jiri Krenek/Mercedes

Colunista do UOL

01/07/2022 04h00

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A Mercedes não esteve perto da vitória em nenhuma das oito primeiras corridas do campeonato, com um carro na maioria das vezes um segundo por volta mais lento que a Red Bull, que lidera a tabela com folga, ou a Ferrari. Mas existe uma expectativa dentro do time de Brackley que a história possa ser diferente neste final de semana, no GP da Grã-Bretanha. Tão diferente, que eles até acreditam em lutar por vitória se os rivais sofrerem.

Diferentemente das corridas anteriores, em que eles conseguiram beliscar pódios quando os pilotos da Red Bull e Ferrari sofreram com quebras e acidentes, em Silverstone a Mercedes acredita que pode estar mais próxima e se aproveitar mesmo se os rivais não abandonarem.

É uma aposta e tanto, se lembrarmos que, em 16 voltas após um período de Safety Car no final do último GP, no Canadá, Lewis Hamilton, que foi o terceiro colocado, perdeu 12s em relação ao líder, mesmo que Max Verstappen estivesse se defendendo de Carlos Sainz e, assim, virando mais lento do que poderia andar.

Mas a confiança da Mercedes vem dos sinais positivos observados na última vez em que a F1 foi para um circuito permanente, com curvas rápidas e asfalto mais liso, na Espanha, em meados de maio. Naquele GP, Russell chegou a 33s do vencedor Max Verstappen após 66 voltas.

De lá para cá, a Mercedes não apenas entendeu melhor o assoalho que estreou em Barcelona e que foi importante para aquele salto, como também teve tempo de preparar a segunda parte das atualizações, que estreiam em Silverstone. Além disso, eles sabem que a Red Bull espera ter dificuldades na pista britânica e que a Ferrari não vive um bom momento, tendo perdido as últimas seis provas seguidas.

"O pessoal da nossa fábrica não ousa dizer, mas estamos cautelosamente otimistas de termos um fim de semana mais competitivo do que os últimos. Acho que algumas características do circuito casam bem com nosso carro, mas não temos um equipamento capaz de ganhar saindo na frente ainda", explicou James Allison, chefe técnico da equipe, à TV britânica Sky Sports.

Os saltos vão continuar?

Na verdade, Allison mesmo admite que a Mercedes já se surpreendeu tanto com o carro nesta temporada que não sabe exatamente como ele vai se comportar em uma parte importante da pista de Silverstone, nas curvas velozes de Maggots e Becketts. Manter o carro equilibrado e contornar essas curvas carregando bastante velocidade é importante para ter um bom desempenho no traçado britânico. "E, talvez, se a Red Bull tropeçar, quem sabe, mas tenho esperança, possamos ter um fim de semana melhor."

Essa dúvida de Alison era a mesma que Hamilton tinha após o pódio do Canadá, seu segundo no ano. "Acho que somos melhores nas curvas de alta e média velocidades do que nas de baixa, mas temos os saltos, então não sei como será na Copse e nesse tipo de curva mais veloz. Será interessante para nós."

O avanço que a Mercedes mostrou em Barcelona foi no sentido de conseguir controlar o porpoising, movimento de salto do assoalho de origem aerodinâmica. Assim, eles conseguiram configurar o carro de uma maneira mais competitiva, mais próximo do solo. O problema é que a suspensão, principalmente a que a equipe usou no GP do Azerbaijão, fez o carro começar a saltar novamente, agora sofrendo com outro efeito, o bouncing.

A dúvida de Hamilton é se a Mercedes terá de andar tão baixa para ter uma boa performance que o bouncing estará de volta. Isso é algo que a equipe vai tentar evitar com as novidades que estreiam em Silverstone. "Os dados mostram que nossas soluções são bem razoáveis, não apenas para a próxima corrida, mas também para o futuro", disse o chefe da equipe, Toto Wolff. "Numa corrida normal, acho que seria difícil. Temos de ser honestos com nós mesmos e dizer que no momento estamos um pouco atrás de Ferrari e Red Bull", completou o diretor técnica, Mike Elliott.

Cautela na Red Bull

Do lado dos líderes do campeonato, Christian Horner está cauteloso em relação a duas das próximas três etapas. "Não vejo motivos para que a Mercedes não esteja forte em Silverstone, E em Paul Ricard também. Acho que a Ferrari será forte em Silverstone também. Por causa da natureza do traçado, pode ser uma pista mais difícil para nós."

A Red Bull não promete grandes novidades no carro nestas quatro corridas antes da pausa de agosto, que marca a metade da temporada. Segundo Horner, a equipe trará novos componentes com melhoras apenas como substitutos de peças que chegaram ao fim de sua vida útil, ao invés de grandes atualizações.

Quem promete novidades é a Ferrari, que inclusive já estreou a asa traseira programada para Silverstone na última corrida, no Canadá, no carro de Leclerc.