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Início de ano ruim será vantagem para Mercedes no segundo semestre. Entenda

11.06.22 - Lewis Hamilton, da Mercedes, durante classificação para o GP do Azerbaijão - Peter J Fox/Getty Images
11.06.22 - Lewis Hamilton, da Mercedes, durante classificação para o GP do Azerbaijão Imagem: Peter J Fox/Getty Images

Colunista do UOL

27/06/2022 04h00

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A queda da Mercedes na primeira metade do campeonato de 2022 tem pelo menos um ponto positivo para a equipe: como eles estão terminando o mês de junho em terceiro no campeonato, terão direito a mais tempo de desenvolvimento aerodinâmico daqui em diante. Isso é uma boa notícia tanto pensando no carro deste ano quanto no do ano que vem, para uma equipe que já reconhece a possibilidade de ter que rever o conceito do carro, lembrando que as regras permanecem estáveis para 2023.

Essa regra que limita o desenvolvimento aerodinâmico usando a posição no mundial de construtores começou a valer ano passado, mas neste ano tem um efeito mais significativo tanto porque os carros são totalmente novos e têm mais potencial de melhora, quanto porque a diferença entre as equipes dobrou. Então, no caso da Mercedes, que era a primeira devido ao título de construtores de 2021, e agora é a terceira, terá 10% a mais de tempo no túnel de vento e simulações por computador do que nos seis primeiros meses do ano.

Mas a equipe que verá a maior diferença é a Alfa Romeo, que vai acabar pagando pelo sucesso com o novo regulamento: eles ganharam três posições em relação ao campeonato do ano passado, pulando de nono para o sexto lugar. Com isso, terão 15% a menos de tempo de desenvolvimento aerodinâmico pelo menos até o final de dezembro, quando a tabela é revista novamente.

A partir de agora, a Red Bull é quem terá menos tempo por estar liderando o campeonato. Mas, em relação com sua rival Ferrari, não há diferença, já que ambos perdem 5% de tempo de testes aerodinâmicos em relação ao que tiveram até aqui neste ano. A Ferrari, aliás, usou bem o tempo a mais que teve por todo 2021, o que foi um dos motivos para o time italiano ter começado o campeonato com um conjunto mais robusto.

No meio do pelotão, McLaren e Alpine mantiveram suas posições. A Haas, que teve a maior quantidade de tempo de desenvolvimento aerodinâmico no começo do ano, perde 5% para a segunda metade. AlphaTauri e Aston Martin ganham 5% cada e a Williams, assim como a Mercedes, terá direito a 10% a mais do que nos seis primeiros meses de 2022.

Como funciona esse limite de teste aerodinâmico

Essa regra do limite de desenvolvimento aerodinâmico regulado pela posição no campeonato existe para promover mais equilíbrio entre os times no longo prazo, em conjunto com o teto orçamentário, que também começou a valer no ano passado e foi apertado nesta temporada.

Mas o que significa exatamente dizer que a Mercedes terá 10% a mais de tempo de desenvolvimento aerodinâmico. O cálculo é complicado, mas é possível dizer que o time de Lewis Hamilton e George Russell terá 96 tentativas a mais no túnel de vento que a Red Bull nos próximos seis meses e 600 itens a mais para testar no CFD, que é o estudo computadorizado usado para o desenvolvimento de partes aerodinâmicas.

É algo que chega em um momento importante para a Mercedes que, segundo o chefe Toto Wolff, estuda de será necessário mudar o conceito do carro para 2023. "Não há nada sagrado no carro. Se as coisas não puderem ser melhoradas a curto prazo porque elas são conceituais, elas serão resolvidas nos próximos meses. Acho que sabemos qual a raiz de nossos problemas, mas não temos todas as respostas para entender qual seria a melhor solução."

Para este final de semana, no GP da Grã-Bretanha, a Mercedes espera ter um bom desempenho, devido à natureza do circuito, com curvas rápidas, e do asfalto, mais liso e plano. Mas o carro já mostrou ter uma janela de funcionamento muito pequena e, por conta disso, o rendimento varia muito de acordo com as pistas e condições.