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FIA decide que saltos dos carros são questão de segurança; saiba quem perde

Com dores nas costas, Lewis Hamilton sente dificuldades para deixar o carro devido ao bouncing da Mercedes - Reprodução
Com dores nas costas, Lewis Hamilton sente dificuldades para deixar o carro devido ao bouncing da Mercedes Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

16/06/2022 15h33

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A Federação Internacional de Automobilismo decidiu atender aos pedidos dos pilotos e vai intervir para evitar que os carros sigam pulando e batendo violentamente no solo em alta velocidade. Depois de tentar resolver o problema com uma votação mês passado, sem conseguir a maioria necessária, a FIA avisou as equipes que tratará a questão como um problema de segurança.

Essa classificação permite que a federação force os times que estão sofrendo com o fenômeno, chamado de bouncing ou porpoising, a mudarem seus carros sem qualquer tipo de votação. Caso contrário, eles serão considerados inseguros, levando o time à desclassificação. Ainda não está claro se a mudança já vale para este final de semana no Canadá. Até a noite da quinta-feira, as informações ainda eram desencontradas a esse respeito.

A mudança vai acontecer por meio de uma diretiva técnica, que funciona mais ou menos como uma medida provisória e que já foi enviada às equipes. A TD039 aponta que o desgaste da prancha que é colocada na parte debaixo do assoalho será medido de maneira mais rígida, e haverá o policiamento do limite da amplitude de movimento do assoalho.

Esse limite será determinado em conjunto com as equipes durante os treinos livres desta sexta-feira no Canadá, nona etapa do campeonato. E apenas os carros que estiverem fora desse limite precisarão alterar a altura de seus carros.

As medições serão feitas por meio de dois sensores de aceleração localizados perto do centro de gravidade do carro.

Mercedes deve sair prejudicada

Essa solução é interessante porque só obriga as equipes que estão sofrendo com o bouncing de maneira mais forte a mudarem seus carros. A proposta inicial, que na prática criava uma altura mínima para os carros, não passou porque alguns times, como a Red Bull, se sentiam prejudicados. Isso porque seu carro não sofre tanto com o fenômeno, mas perderia rendimento se fosse levantado.

Agora, quem não deve estar nada contente com a solução é a Mercedes. Por conta de seu conceito de sidepod zero, com as laterais bastante reduzidas, eles precisam andar com o carro bem próximo do solo. Ao tentar fazer isso, no entanto, eles estavam sofrendo com um bouncing severo. Para respeitar a nova diretiva técnica, eles muito provavelmente terão de sacrificar performance.

O mesmo também pode acontecer com a Ferrari, dependendo do nível de movimento que for tolerado. O carro italiano se movimenta bastante verticalmente especialmente nas retas, assim como a AlphaTauri. A McLaren também começou a observar o fenômeno quando passou a andar em pistas de rua.

Isso porque estas pistas são mais onduladas. O pneu de perfil baixo adotado neste ano já absorve menos impacto por ter uma parede menor. A suspensão do carro de 2022 é mais rudimentar e menos maleável, e então cabe ao carro absorver muito mais impacto vindo das ondulações do que antes. E se a equipe tenta andar com o carro muito baixo ou tem um assoalho mais flexível, esse movimento é mais proeminente.

Questão de segurança

A FIA decidiu considerar o problema uma questão de segurança depois de ouvir as reclamações da associação de pilotos, que começou a se movimentar desde a terceira etapa da temporada. A entidade revelou que também ouviu médicos que concordaram que esse bouncing poderia ser prejudicial para a coluna e também poderia tirar a concentração dos pilotos, se tornando potencialmente perigoso. É com base nisso que a federação decidiu evocar o artigo 1.3 do Regulamento Técnico, que diz que um carro que não é considerado seguro pode ser desclassificado.

Paralelamente a isso, a FIA está estudando juntamente com as equipes o que pode ser feito para acabar com o bouncing em definitivo para 2023. Esse era um problema impossível de ser previsto antes que os carros andassem na pista, pois as ferramentas de simulação não levam ondulações em consideração. Porém, agora que se sabe mais sobre o fenômeno, é possível agir.