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Pista 'verde' e preocupação com batidas: o que esperar do GP de Miami de F1

Charles Leclerc durante o treino de classificação do GP de Miami - Jared C. Tilton/Getty Images via AFP
Charles Leclerc durante o treino de classificação do GP de Miami Imagem: Jared C. Tilton/Getty Images via AFP

Colunista do UOL

08/05/2022 04h00

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Charles Leclerc e a Ferrari têm uma ótima chance de recuperar o terreno perdido no campeonato há duas semanas em Imola neste domingo no GP de Miami, que tem largada às 16h30 pelo horário de Brasília. O líder da tabela não apenas larga em primeiro, como terá seu companheiro Carlos Sainz em segundo no grid e sabe que seu rival Max Verstappen não teve uma preparação das mais tranquilas para a estreia no circuito norte-americano, que já provou ser traiçoeiro para os pilotos.

Verstappen perdeu tempo com o superaquecimento do câmbio no primeiro treino livre, e depois sequer marcou tempo no segundo, devido a uma falha hidráulica na Red Bull. Com isso, ele não fez uma simulação de corrida significativa e reconhece que não conseguiu construir a confiança necessária em uma pista que tem trechos de alta velocidade, mas também uma parte bastante travada. "Acredito que isso pode ter a ver com o erro na minha última volta", afirmou o holandês, que tinha a pole provisória e acabou sendo superado pelas duas Ferrari nos instantes finais. Isso, mesmo com Leclerc não acreditando ter feito uma volta perfeita. Além disso, Verstappen sabe que a Red Bull já teve problemas de confiabilidade em duas das quatro provas disputadas até aqui e cobrou da equipe finais de semana mais tranquilos para "não dar chances para um rival tão forte como a Ferrari."

Velocidade de reta para um, bom ritmo nas curvas para outro

max - Chris Graythen/Getty Images/Red Bull - Chris Graythen/Getty Images/Red Bull
O holandês Max Verstappen, da Red Bull, neste sábado na pista de Miami
Imagem: Chris Graythen/Getty Images/Red Bull

Ter as duas Ferrari na frente das Red Bull, que saem em terceiro e quarto, pode ser uma boa notícia para a corrida porque Verstappen e Perez são perto de 10km/h mais velozes que Leclerc e Sainz no final das retas, e há dois trechos longos de aceleração plena no circuito de Miami. "Por outro lado, nós somos melhores nas curvas", lembrou o monegasco. "Então será um desafio bem apertado."

A velocidade de reta superior da Red Bull acabou sendo decisiva na corrida de Imola. Primeiro porque obrigou Leclerc a forçar muito os pneus na sprint no sábado, e depois porque impediu que o monegasco atacasse quando ele se viu atrás das duas Red Bull após largar do lado em piores condições da pista. Em Miami, ele sairá do lado emborrachado, assim como Verstappen, e os pilotos estão relatando uma diferença muito grande entre o traçado ideal e o restante do asfalto.

Tanto, que todos estão preocupados com a qualidade da ação na pista na corrida. "Só existe uma trajetória ideal bem pequena. Assim que você sai dela não há aderência nenhuma", disse Lando Norris, comentando sobre suas chances de escalar o pelotão saindo da oitava posição. Para piorar a condição do asfalto, choveu à noite em Miami Gardens, onde o circuito é localizado.

"Quiques do carro nunca foram tão ruins", diz Russell

Uma surpresa da classificação foi ver os dois pilotos da Mercedes sofrendo para controlar o carro. Eles não tiveram as mesmas dificuldades com a temperatura dos pneus de Imola, mas a frente do carro estava muito arisca e, mesmo passando para o Q3, Lewis Hamilton, que vai largar em sexto, dividindo a terceira fila com seu ex-companheiro Valtteri Bottas. "É muito difícil acertar uma volta inteira com esse carro", disse o heptacampeão.

Russell vai sair em 12º e saiu da classificação sem entender por que não conseguir sequer repetir seu tempo de sexta-feira, que foi o melhor do dia. "O carro era uma animal diferente", resumiu o inglês, dizendo que nunca tinha sentido o carro bater no chão por toda a curva, como aconteceu durante o sábado. É possível que a Mercedes tenha configurado seu carro de maneira muito próxima ao solo após o acerto ter funcionado nos treinos livres, mas a queda na temperatura da pista mudou o comportamento do carro

O time não entra em acordo nem sobre sua evolução. Toto Wolff disse que as novidades trazidas a Miami são "um passo na direção certa" para resolver os problemas dos quiques. Já Hamilton não acredita que tenha havido progresso. "É só ver nossa diferença para os melhores, estamos muito longe ainda". Hamilton foi mais de oito décimos mais lento que o pole.

Segurança da pista preocupa os pilotos

A classificação acabou correndo sem acidentes, ao contrário dos treinos livres. No entanto, as duas batidas mais fortes, de Carlos Sainz na sexta-feira, e de Esteban Ocon no sábado, foram muito piores do que era de se esperar. As duas batidas aconteceram na curva 14, a menos de 150km/h. No entanto, o impacto registrado pelo acelerômetro dos carros indicou uma força equivalente a 47G para Sainz e 51G para Ocon.

Isso porque ambos bateram em um muro de concreto, e não em uma barreira de TechPro, que geralmente é usada na Fórmula 1 e que é feita para amortecer a energia do impacto. A pista de Miami tem esse tipo de barreira em outros trechos, mas não nesta parte especificamente. "Carlos reclamou para o diretor de prova, disse que o impacto foi muito mais forte do que deveria ser e hoje a sensação foi de que o impacto foi enorme, foi provavelmente o pior acidente da minha carreira", descreveu Ocon, que acabou ficando de fora da classificação porque seu chassi rachou e teve de ser trocado. E, com isso, ele larga dos boxes neste domingo. Até o final da noite do sábado, a organização não havia confirmado se adicionaria uma barreira de proteção na saída da curva 14.