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Verstappen e Hamilton vão para decisão com estratégias diferentes. Entenda

Max Verstappen (Red Bull) e Lewis Hamilton (Mercedes) disputam o título da Fórmula 1 - Getty Images / Reuters - Montagem UOL
Max Verstappen (Red Bull) e Lewis Hamilton (Mercedes) disputam o título da Fórmula 1 Imagem: Getty Images / Reuters - Montagem UOL

Colunista do UOL

11/12/2021 14h36

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O GP da decisão da Fórmula 1 vem sendo à imagem e semelhança de toda a temporada: com o rendimento de dois carros com características completamente opostas sendo definido por detalhes e algumas reviravoltas no meio do caminho. Os treinos livres mostraram um Lewis Hamilton melhor em classificação e um Max Verstappen superior em corrida, mas é o holandês que vai largar na frente. Por outro lado, sua estratégia, começando a corrida com os pneus macios, mais velozes, mas menos duráveis, pode mudar a história da final novamente. Com os rivais empatados e Verstappen na frente nos critérios de desempate, a decisão tem largada às 10h da manhã deste domingo, com transmissão pela TV Bandeirantes.

Surpreso pelo rendimento dos rivais, o chefe da Mercedes, Toto Wolff, disse que "a Red Bull fez 1 a 0", mas o austríaco estava satisfeito pela escolha de pneu de Hamilton para a primeira parte da prova.

Largar com os pneus de faixa vermelha não era o plano inicial da Red Bull, mas um fritada de Verstappen e uma volta ruim de Sergio Perez fizeram com que a equipe mudasse a tática no meio do Q2, a parte do classificatório em que os pilotos que vão para o Q3 têm que definir com qual composto vão largar. Mas o chefe Christian Horner deixou claro que eles não se veem em desvantagem por conta disso. "Estávamos em dúvida de qual seria o melhor pneu, estava 50% para cada lado. Então não acredito que isso fará muita diferença."

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11.12.21 Max Verstappen, da Red Bull, posa com o pneu após confirmar a pole em Abu Dhabi
Imagem: KAMRAN JEBREILI/Pool via REUTERS

Essa é uma tranquilidade que a Mercedes não tinha. Como seu carro força mais os pneus traseiros, eles se superaquecem com os pneus macios, e o time sequer fez uma simulação de corrida com o composto que Verstappen vai usar. O holandês, por sua vez, fez uma boa simulação com os macios na sexta-feira, quando a Red Bull foi ligeiramente superior que a Mercedes em ritmo de corrida.

De lá para cá, ambos os times fizeram mudanças no acerto de seu carro, e o terceiro treino livre, disputado com a pista muito mais quente, no período da tarde em Abu Dhabi, não serviu para dar muitas respostas sobre o que mudou em termos de desempenho. Isso torna muito difícil prever o que pode acontecer na corrida. A Red Bull, inclusive, tomou uma decisão importante ao usar a menor asa traseira, buscando neutralizar a vantagem da Mercedes nas retas. Isso, no entanto, não ajuda o piloto a preservar pneus, pois o carro fica menos estável.

Como Verstappen e Hamilton vão abordar a decisão

Pensando no que vimos na temporada até aqui, se mantiver a ponta na largada, Verstappen tem a vantagem de poder gerir seus pneus, mas potencialmente terá Hamilton muito próximo, com mais velocidade de reta e com compostos que devem estar em melhor estado quando ambos estiverem perto de parar.

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Lewis Hamilton, durante treino classificatório do GP de Abu Dhabi
Imagem: ANDREJ ISAKOVIC / AFP

Do lado de Hamilton, também considerando a manutenção das posições na largada, a missão será manter Verstappen por perto enquanto controla a temperatura dos pneus, que tende a aumentar quando se segue um carro de perto. Se o inglês sentir que seus pneus estão em boas condições, pode esperar Verstappen parar para acelerar com pista livre. Caso contrário, a saída seria antecipar a parada e tentar usar a aderência adicional para voltar na frente quando Max fizer seu pit stop.

Mas é claro que tudo pode ser decidido na pista, como já aconteceu entre Verstappen e Hamilton por várias vezes ao longo da temporada. A pista de Abu Dhabi sofreu alterações importantes e deve apresentar mais oportunidades de ultrapassagem do que no passado.

Aí pode entrar em cena outro personagem dessa decisão, o diretor de prova Michael Masi, que ordenou que Verstappen cedesse a posição para Hamilton duas vezes durante a última corrida, entendendo que o holandês tinha tido vantagem ao sair da pista para defender a posição. O australiano está pressionado, e inclusive foi muito criticado por Fernando Alonso após a classificação, devido aos problemas com trânsito que muitos pilotos enfrentaram. Nenhum foi punido. "Precisamos de um juiz para nos proteger. O diretor de prova é muito brando."

Um dos momentos-chave em que Verstappen e Hamilton podem ser estranhar é na largada, embora o inglês não tenha uma posição favorável. "Ele está cercado de pilotos de pneu macio e vai ter trabalho", comemorou Horner.

Wolff admitiu que a largada pode ser delicada para Hamilton, mas sua desvantagem vai acabar rapidamente. "Vai ser uma noite de muitos algoritmos e contas", definiu. Como, aliás, foi toda a temporada.