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F1: Quem ganhou moral e quem ainda está devendo após trocar de time em 2021

Daniel Ricciardo caminha após bater o carro na classificação para o GP do Azerbaijão - Mark Thompson/Getty Images
Daniel Ricciardo caminha após bater o carro na classificação para o GP do Azerbaijão Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

16/08/2021 04h00

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Uma das marcas desta temporada da Fórmula 1 é o grande número de pilotos que mudaram de equipe em relação a 2020 e, depois que se passaram 11 das 23 etapas programadas, dá para ter uma ideia de quem saiu ganhando e quem deu um passo para trás na carreira. No geral, o balanço foi positivo para pilotos e equipes, mas há um piloto em especial que ainda não convenceu na nova casa.

Ricciardo está devendo

Daniel Ricciardo é apenas nono no campeonato com uma equipe que seria a terceira colocada com certa folga se ele conseguisse andar pelo menos mais perto do companheiro Lando Norris, terceiro na tabela. O inglês é responsável por 70% dos pontos do time, que está em uma forte briga com a Ferrari, que, por sua vez, tem uma das duplas mais equilibradas do grid.

Mas o que estaria faltando para Ricciardo? Norris disse recentemente que não tem como ajudá-lo mais do que está fazendo, no sentido de dividir todas as informações de seu carro. Principalmente nas classificações, os tempos de volta não vêm, e Ricciardo acaba se colocando em uma posição difícil na corrida.

O bom resultado de Silverstone, quando ele foi consistente por todo o fim de semana e chegou em quinto, seu melhor resultado do ano, é uma pista do que está acontecendo: trata-se de uma pista mais fluída, com menos curvas de média e baixa velocidades. É na freada e na retomada de aceleração destas curvas que Norris ganha muito em relação ao australiano, já que ele entende melhor o que o carro da McLaren precisa, assim como os pneus dianteiros da Pirelli, cuja construção é diferente neste ano. Do lado de Ricciardo, é bom lembrar que ele também sofreu para adaptar-se quando trocou a Red Bull para a Renault mas, quando conseguiu se entender com o carro, passou a deixar seu então companheiro Nico Hulkenberg, comendo poeira. Com Norris, um dos grandes talentos da nova geração, não deve ser assim, mas uma melhora seria bem-vinda para a McLaren na luta com a Ferrari.

Sainz caiu como uma luva na Ferrari

ferrari - Dan Istitene - Formula 1 via Getty Images - Dan Istitene - Formula 1 via Getty Images
Charles Leclerc e Carlos Sainz formam a "melhor dupla do grid", segundo o chefe Mattia Binotto
Imagem: Dan Istitene - Formula 1 via Getty Images

Até porque o novo recruta ferrarista, Carlos Sainz, foi o que se adaptou mais rapidamente de todos os que trocaram de equipe, conseguindo ter resultados, principalmente em corrida, semelhantes aos de Charles Leclerc logo de cara. Na classificação, ele ainda não consegue tirar tudo do carro sempre, mas já tem mostrado visão de corrida ao comandar a estratégia ferrarista de dentro do carro, como fez na Hungria, e ganhou elogios do chefe Mattia Binotto, para quem "a dupla da Ferrari é a mais forte do grid." De fato, a Ferrari não é melhor que a McLaren na maioria das pistas, e se as equipes estão empatadas no campeonato a dupla de pilotos tem muito a ver com isso.

Pilotos experientes sofreram mais que o esperado

A questão dos pneus diferentes para esta temporada, somada às mudanças no regulamento para deixar os carros mais lentos (e consequentemente com menos pressão aerodinâmica na traseira), ainda por cima com uma pré-temporada em que cada piloto só andou por um dia e meio com o carro, pegou muito piloto experiente de surpresa. Fernando Alonso apanhou dos pneus com seu estilo de frear e virar ao mesmo tempo, mas assim que entendeu o que tinha que fazer e que passou a ter uma resposta melhor do sistema de direção da Alpine, no GP da França, voltou a andar em alto nível.

A virada de Alonso foi tão marcante que impressionou até mesmo seus engenheiros - muitos deles, inclusive, já tinham trabalhado com o espanhol em uma das duas passagens anteriores pelo time: com um carro que fica entre a quinta e a sétima forças do grid, ele pontuou em todas as últimas seis provas.

Essa regularidade de Alonso é o que está faltando para Sergio Perez. O mexicano teve bons momentos na Red Bull, sendo o principal deles a vitória no Azerbaijão fazendo o que a equipe precisa dele: induzindo Lewis Hamilton ao erro. Mas nas últimas quatro corridas ele não conseguiu tirar pontos da Mercedes, sempre muito atrás de Verstappen em classificações, o que complica sua vida nas corridas.

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Pérez, no pódio do GP do Azerbaijão
Imagem: Reprodução/TV

Já Sebastian Vettel é mais difícil de ler. O alemão consegue ser mais rápido que o companheiro Lance Stroll consistentemente em classificações, e nas corridas que geraram mais oportunidades no ano - Baku e Hungria - foi ele quem se colocou em posição de se aproveitar, e daí a diferença grande de pontos (30 a 18, mesmo contando os 18 perdidos pela desclassificação da prova do Hungaroring por algo que não tem nada a ver com sua pilotagem). Por outro lado, é Stroll quem vem pontuando pela Aston Martin de forma mais constante.

Todas estas cinco equipes estão envolvidas em brigas apertadas e precisam de suas novas contratações na segunda metade do campeonato, que começa com o GP da Bélgica, dia 29 de agosto: Aston Martin e Alpine brigam pelo quinto lugar, Ferrari e McLaren pelo terceiro, e a Red Bull tenta vencer o mundial de construtores pela primeira vez desde 2013.