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Novo vencedor da F1, Ocon tem história que vai na contramão de bilionários
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Em uma Fórmula 1 em que três filhos de bilionários geram a impressão de que a categoria está se tornando um clube seleto para pilotos ricos, a história de seu mais novo vencedor, Esteban Ocon, mostra que não é bem assim. O primeiro colocado do GP da Hungria no último domingo viu sua família vender a casa e ir viver em uma van para bancar sua carreira no kart quando ele entrava na adolescência e costuma dizer que hoje estaria "virando hambúrgueres no McDonalds" não fosse a ajuda de Toto Wolff um pouco mais tarde, quando já estava próximo da F1.
O talento de Ocon sempre ficou claro por meio de suas conquistas: o primeiro contato com o kart foi num passeio com a família quando ele tinha quatro anos, mas a brincadeira começou a ficar séria em 2004, quando ele, aos oito anos, foi campeão de mini kart do norte da França e um certo Charles Leclerc foi o campeão do sul. Ele, o atual piloto da Ferrari, Pierre Gasly e Anthoine Hubert, que faleceu em acidente na F2 em 2019, se dividiam nas conquistas dentro da França.
Até que chegou um momento em que as contas ficaram muito altas para a família e o pai de Ocon tomou uma decisão drástica: vender a casa da família (e também sua oficina, já que ele trabalhava como mecânico no andar térreo) e comprar uma van para ir de uma competição para a outra. E ele ainda tinha que ir para a escola, com 11, 12 anos. "Eu terminava um fim de semana de corrida e nossa van parava na frente da escola. Eu dormia lá, ouvia o alarme da escola, acordava, e ia para a aula. Naquela época eu gostava da vida na van. Eu estava andando de kart o tempo todo e era incrível para mim. Mas não foi fácil. Muitos sacrifícios foram feitos para me manter correndo. Vivemos muito tempo naquela van. Até termos a sorte de entrar na academia da Gravity", disse o francês, referindo-se ao projeto de administração de carreiras de jovens kartistas que tinha relação com a equipe Renault na F1 e era gerida por Eric Boullier, ex-chefe da Lotus e McLaren na F1.
Foi com este investimento que ele conseguiu ir para campeonatos europeus e mundiais, nos quais passou a ter outro rival costumeiro, Max Verstappen. "E de lá eu fui para a equipe de jovens da Lotus até a Fórmula 3 (quando bateu Verstappen pelo campeonato) e depois passei a fazer parte do time da Mercedes. Se isso não tivesse acontecido, tudo teria acabado no kart."
Foi esse o segundo momento em que sua carreira quase acabou, já que o investimento da Gravity estava diminuindo e, sem um programa de jovens, ele não tinha dinheiro para continuar. Então ele conheceu Wolff e, finalmente, chegou na F1; primeiro, pela nanica Manor no meio da temporada de 2016 e logo ganhou boa fama entre os engenheiros, o que o ajudou a ir para a Force India em 2017, já como piloto Mercedes.
Mas as dificuldades ainda voltariam a assombrá-lo, e Ocon se viu sem lugar na então Racing Point em 2019, já que o pai de Lance Stroll comprou o time, que hoje é a Aston Martin. Wolff conseguiu costurar um acordo para Ocon assinar com a Renault em 2020, e com os franceses ele se firmou, estabelecendo um contrato com duração até o final de 2024.
Após a confirmação da renovação, antes do GP da França, contudo, Ocon vinha devendo em termos de performance, mas resetou sua temporada com a troca de chassi e motor em Silverstone, algo que parece ter dado resultado: na Hungria, ele tinha superado o companheiro Alonso pela primeira vez em seis corridas na classificação, e no domingo estava no lugar certo para se aproveitar dos erros de Bottas e Stroll na largada, e de Hamilton e a Mercedes na estratégia, para vencer pela primeira vez na F1 aos 24 anos.
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