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Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Por que luta pelo título entre Max e Lewis promete esquentar de vez na F1

Lewis Hamilton, da Mercedes e Max Verstappen, da Red Bull, se cumprimentam após treino classificatório - Nicolas Tucat/Getty Images
Lewis Hamilton, da Mercedes e Max Verstappen, da Red Bull, se cumprimentam após treino classificatório Imagem: Nicolas Tucat/Getty Images

Colunista do UOL

27/07/2021 04h00

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O acidente entre os pilotos que disputam pelo título na Fórmula 1, Max Verstappen e Lewis Hamilton, na primeira volta do GP da Grã-Bretanha, não é o único motivo para acreditar que a rivalidade entre os dois está mais acirrada do que nunca. A Red Bull de Verstappen ainda está na frente, mas a Mercedes de Hamilton acredita que o carro melhorou com as novidades implementadas no último fim de semana. E é difícil imaginar que os dois pilotos vão se tratar da mesma maneira na próxima vez em que estiverem lado a lado.

Ainda não ouvimos o que Verstappen achou da manobra, uma vez que ele foi levado para o hospital ainda durante a corrida para passar por ressonância magnética, que não acusou nenhuma lesão. De lá, o holandês voltou para casa, em Mônaco, e publicou em suas mídias sociais que não concordava com a punição de 10s para o rival e queria algo mais duro, além de ter se irritado com a comemoração de Hamilton enquanto ele ainda estava no hospital.

Hamilton, que acabou vencendo a prova, disse logo após a prova que não seria "forçado a não ser tão agressivo". Depois, adotou um tom mais brando, e disse que "é preciso ter respeito na pista, caso contrário isso vai acontecer mais frequentemente, imagino". Ambos os pilotos são agressivos e têm colisões em disputas por posição em seu currículo.

Equilíbrio maior entre os carros

Embora a temporada esteja equilibrada, com a Red Bull liderando com apenas quatro pontos de vantagem para a Mercedes, e Verstappen, mesmo zerando em Silverstone, tenha oito pontos a mais que Hamilton, o carro do holandês vinha de duas provas dominantes na Áustria, e em ascensão depois que a equipe passou a implementar novidades sistematicamente para melhorar o desempenho, dando a impressão de que Verstappen agora tomava as rédeas da temporada.

Porém, em Silverstone, a Mercedes estreou seu primeiro pacote de mudanças mais significativo desde a primeira parte da temporada, e gostou do que viu. "Nós levamos um pacote aerodinâmico razoável para a pista e definitivamente vimos uma melhora na nossa performance e estamos muito contentes com ela. Nós progredimos em termos de tempo de volta e deu para ver isso pela diferença com o resto do grid e também em relação à Red Bull, e nosso fim de semana foi mais competitivo", disse o diretor técnico da Mercedes, James Allison.

Além disso, no último fim de semana, outra tendência que vinha se desenhando também ficou mais forte: a Red Bull vinha usando uma configuração de asa traseira que permitia que eles fossem muito mais rápidos que a Mercedes nas retas, mas a partir do momento em que o carro, como um todo, ficou mais rápido com as novas peças que o time tem levado às corridas, a opção de Verstappen tem sido por usar uma configuração de mais arrasto, sacrificando um pouco dessa velocidade de reta e ganhando no equilíbrio nas curvas e no menor desgaste de pneus, enquanto Hamilton tem ido na linha inversa. Com isso, vimos que a Mercedes do inglês era mais veloz nas retas em Silverstone, embora Verstappen fosse o favorito para a prova.

Acidente pode complicar a vida da Red Bull?

red bull - Twitter/Fórmula 1 - Twitter/Fórmula 1
O carro de Verstappen após a batida no GP da Inglaterra
Imagem: Twitter/Fórmula 1

Verstappen tem alguns motivos para se preocupar com as consequências do forte acidente que sofreu em Silverstone por dois motivos: os danos a sua unidade de potência e os custos de, potencialmente, um novo chassi.

Normalmente, a questão do custo não seria um problema para a Red Bull, mas neste ano estreia um teto orçamentário para as equipes, de 145 milhões de dólares, que fica bem abaixo dos mais de 400 milhões que um time como o do holandês gastava até o ano passado (lembrando que salários de pilotos e gastos com marketing, por exemplo, não entram na conta).

Os times têm uma reserva para cobrir gastos com acidentes e a Red Bull acabou se beneficiando de um acordo para que, se um carro abandonasse o sprint, no sábado, o time receberia 100 mil dólares em compensação, já que isso aconteceu com Sergio Perez. Mas o custo associado ao acidente em si foi calculado em 1.8 milhão de dólares (equivalente a 9.4 milhões de reais).

A grande preocupação, contudo, é com a unidade de potência. Caso todos os elementos tenham que ser trocados, Verstappen não levaria nenhuma punição agora, mas dificilmente conseguiria chegar até o final da temporada sem ser punido. Isso porque ele estava usando a segunda unidade das três às quais tem direito do motor de combustão, MGU-K, MGU-H e turbocompressor, e a primeira dos dois elementos para os quais o limite é apenas dois na temporada (bateria e central eletrônica). Nada impede que a Red Bull, o caso do motor de Silverstone não possa ser recuperado, volte a usar a primeira unidade de potência nos próximos GPs, mas de qualquer maneira seria difícil para Verstappen, especialmente se a F1 fizer as 23 corridas que estão programadas, escapar de uma punição.

O próximo round desta briga será já no próximo final de semana, no GP da Hungria, dia 1º de agosto. No Hungaroring, Hamilton é recordista de vitórias, mas neste ano é Verstappen quem tem levado vantagem em pistas mais travadas.