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De lixo a abelhas, Vettel usa a F1 para promover ações de sustentabilidade

Sebastian Vettel ajudou a recolher lixo deixado por torcedores após a corrida de Silverstone - Divulgação
Sebastian Vettel ajudou a recolher lixo deixado por torcedores após a corrida de Silverstone Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

22/07/2021 06h13

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O GP da Grã-Bretanha não foi dos melhores para Sebastian Vettel, depois que o alemão rodou sozinho no começo da prova, caiu para as últimas posições e, sem conseguir escalar de volta o pelotão, abandonou a prova. Mas o fim de semana do tetracampeão não foi desperdiçado: logo após a reunião com seus engenheiros, Vettel foi para a arquibancada ajudar na coleta do lixo deixado pelos mais de 100 mil torcedores que compareceram a Silverstone no domingo.

E ele não parou por aí: na segunda-feira, foi para a cidade inglesa de Slough, a cerca de 1h da pista, para conferir como funciona o trabalho de reciclagem do lixo coletado no GP. Todo o processo foi filmado e fará parte de um documentário que será publicado em seu site oficial.

Foi assim que o piloto optou por aproveitar que ficaria na Inglaterra para testar com os pneus de 2022 na terça-feira.

"Acho que é importante que todos respeitem o meio ambiente e que não fiquem contando que outras pessoas vão fazer a limpeza pela gente. Temos que começar com alguma coisa e cada um de nós pode fazer a diferença agora", disse o piloto.

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Vettel tem usado camisetas para promover suas pautas de sustentabilidade
Imagem: Aston Martin/Divulgação

Não é a primeira vez que ele casa seus compromissos na pista com ações de sustentabilidade: entre os dois GPs disputados na Áustria, ele levou crianças para montar um hotel de abelhas em uma propriedade próxima ao circuito. Antes da temporada começar, ele tinha aprendido mais sobre a importância da polinização e outras questões depois que fez um estágio em uma fazenda orgânica, aproveitando o lockdown para "aprender mais sobre um assunto que me interessa."

Ele também tem usado as manifestações que os pilotos fazem no grid, dentro do movimento We Race As One promovido pela F1 e pela FIA, para vestir camisetas que chamam a atenção para questões ambientais. Na Inglaterra, sua camiseta tinha os dizeres "por favor não jogue lixo no chão, mantenha-o limpo". Na França, ele pediu "justiça climática agora".

Dono de uma coleção de carros no passado, Vettel vendeu vários deles no início do ano, e tem usado a bicicleta como meio de transporte do hotel para a pista durante os finais de semana de corrida, além de ter viajado de sua casa na Suíça para algumas provas, desde a época de Ferrari, de trem.

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Vettel chega no circuito de bicicleta, meio de transporte que tem usado nas corridas
Imagem: Mark Sutton/Aston Martin

F1 ainda engatinha com questões de sustentabilidade

Enquanto Vettel tenta fazer o que está a seu alcance, a Fórmula 1 tem como meta zerar as emissões de carbono até 2030, algo bastante otimista para um campeonato que tem ganhado mais etapas nos últimos anos, passando por 23 países diferentes em uma temporada normal, sem ser afetada pela pandemia. É por conta disso que apenas 0.7% das emissões de carbono relacionadas ao esporte vem dos carros de competição em si. A maior parte vem das fábricas dos times e outra parcela significativa é resultante das viagens - para cada etapa europeia, por exemplo, cerca de 300 caminhões fazem o transporte dos equipamentos.

E, nesta semana, foi divulgado um relatório apontando que apenas dois dos circuitos do calendário têm apresentando "um bom nível de implementação" de mecanismos que os tornem mais sustentáveis: o circuito da Catalunha, na Espanha, e de Paul Ricard, na França. O relatório, feito por uma consultoria ligada à Associação Britânica pelo Esporte Sustentável, avaliou 96 circuitos ao redor do mundo separando-os em cinco categorias, dos mais aos menos sustentáveis. Barcelona e Paul Ricard ficaram no segundo nível e todos os outros circuitos do atual calendário foram classificados nos dois piores grupos.