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Mais ação x mais cautela: os prós e contras do sprint, o novo formato da F1

A Fórmula 1 faz sua décima etapa do ano neste final de semana - Bryn Lennon/Getty Images
A Fórmula 1 faz sua décima etapa do ano neste final de semana Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

13/07/2021 04h00

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A Fórmula 1 vai testar, neste final de semana no GP da Grã-Bretanha, um novo formato para definir o grid de largada da corrida do domingo: no sábado, será realizada uma sessão que foi batizada de sprint, uma corrida de cerca de meia hora de duração (com um terço da distância normal de um GP), sem pit stops obrigatórios, dando pontos para os três primeiros.

Será a primeira mudança de formato desde duas tentativas de Bernie Ecclestone que acabaram sendo bastante impopulares e logo caíram em desuso: um sistema de classificação por eliminação, que acabou deixando a pista vazia nos momentos decisivos e foi abandonado no início de 2016, e a pontuação dobrada na última prova do ano, que foi adotada em 2014, mas nunca se repetiu. Desta vez, a proposta foi discutida por meses e as equipes foram ouvidas para que fossem previstos possíveis cenários indesejados.

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GP da Itália, em Monza, também terá o sprint em setembro
Imagem: Matteo Bazzi/AFP

É uma tentativa de jogar mais imprevisibilidade no fim de semana, e não é por acaso que as pistas de Silverstone e Monza foram escolhidas para que a novidade seja testada, já que são traçados que costumam gerar corridas mais abertas. Também é consenso que não é um formato que funcionaria em qualquer lugar, então, se aprovado, o sprint aos sábados só seria utilizado em algumas etapas.

Por um lado, aumentam as chances de termos disputas por posição e, por outro, o risco de ter uma quebra ou acidente no sábado e largar no fundo do pelotão é tão alto que há quem esteja prevendo uma procissão no sábado. De qualquer maneira, sempre há aqueles com menos a perder e mais a arriscar. Com certeza o novo formato representará um desafio para as equipes, que terão muito pouco tempo para se prepararem, já que os carros entram em regime de parque fechado, ou seja, não podem ser alterados de forma significativa a partir da sexta-feira.

A definição para o grid do sprint será na sexta-feira, às 14h. A estreia do sprint será às 12h30 do sábado e o GP da Grã-Bretanha tem largada às 11h do domingo, com transmissão pela TV Bandeirantes.

Quais os prós e contras do novo formato da Fórmula 1?

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Silverstone foi a pista escolhida para testar a novidade
Imagem: Lat Images

Mais um dia de competição: Este é o grande argumento da Liberty Media para convencer as equipes de testar o novo formato, já que o segundo treino livre da sexta-feira será substituído por uma sessão competitiva, definindo o grid para o sprint do sábado. Trata-se de uma estratégia para tornar o evento mais lucrativo, com mais tempo de destaque na TV e motivando os torcedores a irem para o circuito desde a sexta-feira.

Menos tempo para as equipes se prepararem: É notável a dificuldade das equipes quando as condições climáticas, por exemplo, mudam muito da sexta-feira para o domingo, ou seja, quando eles têm menos tempo para se preparar com condições estáveis. Com o novo formato, os times terão apenas uma hora para se prepararem para uma volta lançada na sessão da sexta-feira, e para correr com compostos diferentes no sábado e no domingo, aumentando a chance de não terem a melhor configuração possível no GP.

Mais pontos em jogo: No sprint de sábado serão distribuídos seis pontos no total —três para o vencedor, dois para o segundo e um para o terceiro— aumentando a pontuação máxima possível para 29 pontos (25 pela vitória, um pela volta mais rápida e três pela pole). Em Silverstone, isso significa que Max Verstappen sairá como líder do campeonato de qualquer maneira, já que tem 32 pontos de vantagem, mas será uma ótima oportunidade para Lewis Hamilton diminuir a distância, ainda mais com as novidades que a Mercedes promete para o carro neste fim de semana.

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Verstappen sabe que sairá como líder do campeonato de Silverstone
Imagem: Joe Klamar/AFP

Vários pilotos têm motivos para não arriscar: o próprio Hamilton acredita que o sprint de sábado será "um trenzinho" justamente porque ele é um dos pilotos que não têm muitos motivos para arriscar um acidente ou quebra, o que colocaria o piloto no fim do pelotão da corrida em que muito mais pontos são dados, no domingo. E isso não vale apenas para quem está na ponta: o chefe da Haas, Guenther Steiner, admitiu que pediu a seus pilotos para fazerem uma corrida limpa no sábado. Isso porque o time busca evitar despesas a mais com possíveis quebras. Mas é claro que pilotos que estão no meio do pelotão têm mais motivos para arriscar, especialmente quem tiver uma classificação ruim na sexta-feira.

Não será necessariamente um sprint: Quando a novidade foi anunciada, a F1 fez questão de salientar que a sessão do sábado será uma oportunidade de ver os pilotos tirando tudo do carro, sem se preocupar em poupar equipamento ou pneus. Mas isso depende do composto que for escolhido para a corrida por parte dos pilotos, pois os mais macios não aguentariam nem as 17 voltas sem um pouco de administração. De qualquer forma, como os carros estarão mais leves, certamente o nível de administração será muito menor.

Menos valor para uma volta lançada: Para muitos na F1, a classificação é o momento máximo, em que o piloto chega o mais perto de tirar 100% do que o carro pode dar em uma volta lançada. Isso vai continuar acontecendo na sexta-feira, mas o valor de uma boa classificação ficará diluído para o que, efetivamente, será uma corrida de 400km dividida em duas partes —100km no sábado e 300km no domingo.