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Pole Position

ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Cinco carros no muro na classificação dão o tom do que pode ser GP em Baku

Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) e Carlos Sainz (Ferrari) batem nos minutos finais da classificação para o GP do Azerbaijão - Reprodução/Fórmula 1
Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) e Carlos Sainz (Ferrari) batem nos minutos finais da classificação para o GP do Azerbaijão Imagem: Reprodução/Fórmula 1

Colunista do UOL

05/06/2021 13h54

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Cinco pilotos acabaram a classificação do GP do Azerbaijão no muro e, assim como tinha acontecido há duas semanas, em Mônaco, Charles Leclerc acabou ficando com a pole position depois de uma bandeira vermelha nos instantes finais da definição do grid para a sexta etapa do campeonato da Fórmula 1.

No entanto, desta vez o monegasco não vai ter que conviver com o drama de não saber se vai, de fato, poder largar na pole: em Mônaco, foi ele mesmo quem bateu, e acabou não largando depois que um problema no eixo de transmissão foi identificado quando ele alinhava no grid no domingo. Quem bateu desta vez foi Yuki Tsunoda, bem na frente do companheiro de Leclerc, Carlos Sainz, que se assustou e também foi parar no muro. "Nós não roubamos essa pole position, sinto que tínhamos ritmo. Mas na corrida pode ser um pouco diferente porque ficamos devendo em relação à Red Bull e à Mercedes", reconheceu o monegasco.

Pelo menos na classificação, Leclerc ficou no lucro, em uma pista na qual a Ferrari não esperava ir tão bem como em Mônaco, e para Lewis Hamilton, que larga na segunda colocação. O inglês tinha se beneficiado do vácuo, que é muito poderoso no Azerbaijão, dado por seu companheiro, Valtteri Bottas na primeira tentativa, que foi aquela que acabou valendo devido à bandeira vermelha. Com isso, Hamilton larga à frente do rival na disputa pelo título, Max Verstappen, em um circuito em que a Mercedes foi muito inferior à Red Bull nas simulações de uma volta lançada em todos os treinos.

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Max Verstappen, durante treino de classificação para o GP do Azerbaijão
Imagem: Clive Rose/Getty Images

A clara decepção de Verstappen, que larga em terceiro, após a classificação tinha motivos claros: ele dificultou sua vida ao bater e perder metade do último treino livre, teve azar ao não conseguir pegar nenhum vácuo em sua primeira tentativa no Q3 e, depois, com a bandeira vermelha e, principalmente, sabe que o ritmo de corrida da Mercedes em Baku não é ruim, ainda que a Red Bull tenha demonstrado ser o carro a ser batido no Azerbaijão.

Verstappen aposta na largada, ponto forte de sua Red Bull contra a Mercedes, para tentar reparar o dano da classificação, e depois usar o melhor trato com os pneus na comparação com a Ferrari para tentar vencer uma prova que parecia estar nas suas mãos até a manhã de sábado em Baku.

Do lado de Hamilton, ficou o alívio depois de uma noite inteira de trabalho em Baku e na fábrica da Mercedes na Inglaterra para tentar entender por que o carro não gerava pressão aerodinâmica. Mesmo no último treino livre, o carro ainda não estava bom, e Hamilton arriscou fazer muitas mudanças antes da classificação, mesmo sabendo que, depois que sai do box pela primeira vez no Q1, não pode mais mexer no carro. "Quando eu dei a primeira volta na classificação eu pensei 'ok, esse é um carro com o qual posso forçar'", disse o inglês, claramente aliviado.

De olho no Safety Car e no vento

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Charles Leclerc, pole position para o GP do Azerbaijão, durante a sessão classificatória em Baku
Imagem: Ferrari

A classificação com quatro bandeiras vermelhas já deu a deixa para as equipes: é bem possível que a corrida tenha, pelo menos, um período de Safety Car Virtual. A pista de Baku tem os muros próximos e os carros estão configurados com asas menores do que o normal para circuitos de rua devido ao trecho de aceleração plena de mais de 2km, e essa é uma combinação perigosa para os pilotos.

A espera pelo Safety Car pode mudar a cara da estratégia na corrida. Todos os pilotos do top 10 vão largar com o pneu macio e, em teoria, farão uma parada, usando o composto duro na segunda parte da prova. Porém, dependendo de quando o Safety Car sair, isso pode fazer com que seja mais vantajoso parar duas vezes. E pilotos podem chegar ao final com estratégias diferentes em um circuito no qual é possível ultrapassar.

Outro fator que pode mudar a história da corrida é o vento, que deve ser bem mais forte neste domingo em Baku. "Vamos ver como isso afeta nosso carro. Até aqui, estamos muito felizes com o comportamento dele", disse Verstappen sobre sua Red Bull, que costuma sofrer mais que os outros carros quando o vento muda muito de direção.

Mas o mais importante em relação ao vento é para onde ele vai apontar: se pegar os carros de frente na reta, como já vimos no GP de Portugal, isso aumenta a possibilidade de ultrapassagem até entre carros com rendimentos parecidos. Com quatro carros de quatro equipes diferentes nas quatro primeiras colocações, após a grande classificação da AlphaTauri, com Pierre Gasly, e alguns carros fora de posição justamente devido às bandeiras vermelhas - Valtteri Bottas larga em décimo, Esteban Ocon em 12º, Lando Norris sai em nono após uma punição, Daniel Ricciardo, um dos pilotos que encontraram o muro, em 13º - é a receita para uma corrida movimentada em Baku.