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F1: o que deu errado com Leclerc, Bottas e Hamilton no GP de Mônaco?

Carro de Charles Leclerc ao final do treino do GP de Monaco: primeira pole da Ferrari desde 2019 veio com acidente - Clive Rose - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Carro de Charles Leclerc ao final do treino do GP de Monaco: primeira pole da Ferrari desde 2019 veio com acidente Imagem: Clive Rose - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

25/05/2021 04h00

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A vitória de Max Verstappen no GP de Mônaco, que o alçou à liderança do campeonato pela primeira vez na carreira na F1, acabou não sendo o assunto mais comentado da prova. Afinal, falhas de Ferrari e Mercedes roubaram a cena. Mas, afinal, o que aconteceu com o carro de Leclerc, com a parada nos boxes de Valtteri Bottas e por que Lewis Hamilton estava tão irritado com sua equipe?

Leclerc tinha a pole provisória quando bateu nos instantes finais da classificação no sábado, e saiu do carro ao mesmo tempo feliz porque tinha feito a pole position em casa em Mônaco, mas preocupado pois, com a batida, ele poderia ter de trocar o câmbio, o que acarreta na perda de três posições no grid.

A Ferrari analisou o carro ainda no sábado e novamente no domingo e decidiu que não era necessário trocar o câmbio, tendo apenas reparado, como permite o regulamento, os danos do acidente. Porém, quando Leclerc fazia sua volta de instalação, antes de sequer alinhar no gird, sentiu que havia algo quebrado.

Era a conexão entre o eixo de transmissão e a roda traseira esquerda, ou seja, do lado contrário ao da batida de sábado. Após estudar o que aconteceu nesta segunda-feira (24), a Ferrari admitiu que a peça foi quebrada na batida, mas não estava na lista de peças que são checadas neste tipo de acidente. Foi algo que eles nunca tinham visto antes, mas que vai alterar os procedimentos da Scuderia daqui em diante.

A parada desastrosa de Bottas

A Ferrari, pelo menos, acabou fazendo um pódio em Mônaco, com Carlos Sainz. O espanhol largou em terceiro e herdou a segunda posição de Valtteri Bottas quando o finlandês teve uma parada desastrosa:

Na tentativa de fazer a parada o mais rápido possível, o mecânico que opera a pistola acabou acionando-a quando a roda ainda estava em movimento. Isso fez com que o encaixe não fosse perfeito e acabou desgastando a porca. A peça ficou tão danificada que perdeu os engates que permitiriam que a pistola conseguisse girar a porca para que a roda fosse trocada.

O diretor técnico da Mercedes, James Allison, comparou a quando se força demais "um parafuso com uma chave philips e ele acaba espanando."

O mais curioso é que foi impossível para a Mercedes tirar a roda do carro em Mônaco. Eles tiveram de levar tudo para a fábrica da equipe na Inglaterra para tentar a roda do carro cortando-a "dolorosamente", como descreveu Allison, com uma ferramenta específica.

Assim como no caso da Ferrari, isso deve servir de lição para a Mercedes rever procedimentos de pitstops e a consistência das peças que usa no processo.

hamilton - Mario Renzi - Formula 1/Formula 1 via Getty Images - Mario Renzi - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Lewis Hamilton conversa com Stefano Comenicali, CEO da Fórmula 1
Imagem: Mario Renzi - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Mas as falhas da Mercedes não pararam por aí. O time já sabia que a filosofia de seu carro não se casa tão bem com as características da pista de Mônaco. O carro é o mais longo do grid e "parece um ônibus para virar em algumas curvas" do Principado, como descreveu Lewis Hamilton. E, quando todos os carros estão usando sua carga máxima de pressão aerodinâmica, a Red Bull costuma ser melhor.

Ainda assim, Hamilton saiu da classificação muito irritado com as escolhas feitas pelo time em termos de acerto, pois ele queria que eles fossem mais agressivos, mas acabou ficando com a sétima posição no grid porque não conseguiu colocar os pneus dianteiros na temperatura ideal. Na corrida, isso gerou um desgaste maior, e a equipe teve de chamá-lo cedo para os boxes.

Essa não era a melhor tática, mas a Mercedes se viu sem opções. No final das contas, Hamilton ficou preso atrás de Pierre Gasly, que tinha um ritmo mais lento, fazendo com que, parando mais tarde, Sebastian Vettel e Sergio Perez conseguissem ficar à frente da dupla.

"É doloroso aprender lições como a de hoje porque já fizemos isso tantas vezes", disse Hamilton, referindo-se ao fato de que a Mercedes sabe bem quais dificuldades costuma enfrentar em Mônaco. "Há muita coisa que poderíamos ter feito melhor em termos de como nos preparamos para o fim de semana. Tivemos algumas boas conversas ao longo do fim de semana. Mas o desempenho não foi bom de nossa parte. Não faz sentido ficarmos deprimidos. Temos que olhar os dados e entender por que nos colocamos nesta posição. Teremos algumas reuniões nos próximos dias para tentar entender isso."

Com o resultado de Mônaco, Hamilton perdeu a liderança do campeonato para Max Verstappen e a Mercedes também viu a Red Bull a ultrapassar no mundial de construtores. A próxima corrida será em Baku, no Azerbaijão, em pista que deve favorecer mais o time alemão.