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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Asfalto liso e vento prometem complicar vida dos pilotos no GP de Portugal

Max Vertappen no treino classificatório do GP de Portugal - Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Max Vertappen no treino classificatório do GP de Portugal Imagem: Clive Mason - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

01/05/2021 16h17

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Depois de fazer a pole position para o GP de Portugal, o próprio Valtteri Bottas admitia que sua volta não tinha sido das melhores. A questão neste sábado é que ninguém fez uma volta perfeita, tamanho o desafio apresentado por uma pista com um traçado difícil, um asfalto que gera pouca aderência e o vento que não tem dado trégua, mudando de direção e intensidade a todo momento. "Não está sendo muito prazeroso pilotar neste final de semana", dizia Max Verstappen após errar novamente na última parte da classificação ficar com o terceiro lugar no grid, atrás também do rival Lewis Hamilton. Na corrida, os carros não estarão tão no limite quanto na classificação, mas as dificuldades serão as mesmas, e vai ganhar quem conseguir lidar melhor com elas.

Por que pilotos estão sofrendo tanto em Portugal?

max - Mark Thompson/Getty Images - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen teve uma volta deletada no final da classificação por ter saído da pista
Imagem: Mark Thompson/Getty Images

O circuito de Portimão já oferece normalmente o desafio de suas curvas cegas, mas o que gera o maior desafio é o asfalto relativamente novo, feito em outubro do ano passado. De lá para cá, a pista não recebeu tantas corridas, por conta da pandemia, e a própria opção dos organizadores foi por um asfalto liso, semelhante ao da pista da Rússia e Abu Dhabi. Junte-se a isso a escolha da Pirelli de ter trazido a Portugal os três compostos mais duros de sua gama, que são mais difíceis de serem aquecidos, e a condição climática deste final de semana em Portimão, com temperaturas entre 16 e 18 graus, e bastante vento, que fica mudando de direção a todo tempo, e isso explica por que os carros estão tão instáveis.

"É um pouco difícil de explicar, mas eu posso fazer exatamente a mesma coisa em termos de pilotagem em duas voltas seguidas, mas se estiver ventando mais, posso ser quatro décimos mais lento só por causa disso", disse Lando Norris, que larga em sétimo.

Para complicar a vida dos pilotos, a direção de prova agora está mais rígida em relação aos limites de pista, que estão sendo observados de perto em cinco pontos da pista, sendo que, em três deles, são colocados sensores. Na classificação, isso fez com que o que seria a melhor volta da classificação, de Verstappen, fosse anulada. Na corrida, caso um piloto saia da pista e ganhe vantagem por três vezes, corre o risco de levar uma punição por isso.

Com tanta dificuldade de se manter na pista, é possível que isso seja um ponto importante na corrida.

Mercedes larga na frente, mas ritmo da Red Bull é melhor

mercedes - Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images - Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Bottas e Hamilton se cumprimentam após classificação do GP de Portugal
Imagem: Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Outro ponto interessante para a prova é o fato de que as duas Mercedes largam nas duas primeiras colocações, mas foi a Red Bull de Verstappen e Sergio Perez, quarto colocado no grid, que demonstraram um ritmo de corrida um pouco melhor nas simulações da sexta-feira. A diferença ficou na casa dos dois décimos, porém, ela é muito menor com o pneu médio, com o qual os quatro carros devem fazer a maior parte da corrida.

Isso porque este é o composto com o qual as Mercedes e as Red Bull vão largar, deixando em aberto como será a segunda metade da corrida. Quanto mais sol, maior a possibilidade de o pneu duro funcionar bem, mas também há a possibilidade de ficar na pista por mais tempo com os pneus médios e colocar os macios no final.

Dá para ultrapassar em Portimão

Mas a corrida tem grandes chances de não ser decidida na estratégia, e sim na pista. O GP de Portugal do ano passado foi um dos que tiveram o maior número de ultrapassagens, 55, inclusive pela liderança. Ainda que a zona de ativação da asa móvel tenha sido diminuída, ao mesmo tempo foi acrescentada uma segunda zona. Além disso, segundo os pilotos, é possível fazer vários traçados diferentes, o que ajuda a andar perto de um rival sem perder tanta pressão aerodinâmica.

Essa é uma boa notícia para alguns pilotos que não fizeram uma boa classificação. Daniel Ricciardo vai largar apenas em 16º depois de uma volta "bagunçada". Mas ele estava contente com o carro na sexta-feira e acredita que pode se recuperar para ajudar a McLaren na briga com a Ferrari, que está em uma posição forte para a prova, com Carlos Sainz largado em quinto com os pneus macios, e Charles Leclerc um pouco mais atrás, em oitavo, mas com a mesma estratégia dos ponteiros, largando com os médios.

De olho na largada

É possível que Leclerc fique mais exposto na primeira volta, já que o pneu médio demora mais para se aquecer. Essa foi uma das marcas da corrida do ano passado, embora uma garoa fina tenha ajudado Sainz a tomar a ponta enquanto os pilotos que estavam com os médios patinavam. Não há previsão de chuva desta vez mas, mesmo que a situação não seja tão dramática, é esperado que essa questão da falta da aderência faça com que a primeira volta seja mais movimentada que o normal.

Com Hamilton e Verstappen separados por apenas um ponto, o GP de Portugal tem largada às 11h da manhã deste domingo, pelo horário de Brasília. A TV Bandeirantes começa a transmissão às 10h30.