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Investigação sobre acidente de Grosjean faz a Haas mudar carro para 2021

Grosjean é socorrido no meio do fogo após acidente no GP do Bahrein - Reprodução/TV Globo
Grosjean é socorrido no meio do fogo após acidente no GP do Bahrein Imagem: Reprodução/TV Globo

Colunista do UOL

05/03/2021 15h37

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As investigações sobre o acidente de Romain Grosjean na primeira volta do GP do Bahrein do ano passado vão servir para a melhoria da segurança dos carros da Fórmula 1. Os estudos foram mostrados primeiro ao Comitê de Consultoria Técnica da Federação Internacional de Automobilismo e, nesta sexta-feira (05) foram discutidos no Conselho Mundial da Instituição.

Três pontos foram levantados como os mais importantes: a causa do fogo, muito incomum em acidentes na F1 nas últimas décadas, o fato de o apoio de cabeça do piloto ter saído do lugar, dificultando que ele conseguisse sair mais rapidamente do carro, e o que pode ser feito para melhorar a estrutura da região dos pedais, já que isso também atrasou sua saída. O piloto ficou com um dos pés preso e só conseguiu sair arrancando sua sapatilha.

Os tanques de combustível são regulamentados, mas o desenho da tampa pode variar dependendo da equipe. As imagens dos destroços do carro indicaram que o incêndio começou nesta parte, já que o resto do tanque não teve problemas de integridade. Todas as equipes encomendam os tanques em uma mesma empresa, a ATL, mas eles não são totalmente iguais, então é possível que só alguns times tenham de fazer mudanças, impedindo que a tampa seja ligada diretamente ao chassi.

Falando no lançamento da pintura do carro de 2021, na quinta-feira (04), o chefe da Haas, Guenther Steiner, disse que a equipe mudou seu sistema. ''Nós alteramos porque achamos melhor fazer de um jeito diferente. Você sempre aprende neste tipo de situação. Não havia nada de errado com nosso carro. Simplesmente, foi algo que nunca tinha acontecido antes. O que aconteceu foi um incidente muito estranho, com o carro se dividindo em dois. Se há uma solução melhor, cabe a nós adaptarmos a ela em qualquer momento, você sempre tem de estar atualizado''.

Steiner explicou ainda que o apoio de cabeça dos pilotos passou por pequenas adaptações para não se soltar da maneira como aconteceu no impacto. ''O apoio será menor. Ele vai continuar sendo usado, mas será dividido em partes, e com isso não ficará travado na hora de sair.''

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Comissários retiram carcaça da Haas após acidente com Romain Grosjean no Bahrein
Imagem: Tolga Bozoglu/Pool/Getty Images

Investigação revela dados impressionantes sobre o acidente de Grosjean

A investigação sobre o acidente incluiu entrevistas com os envolvidos, a inspeção das evidências físicas e dos vídeos disponíveis, além da examinação dos dados vindos do carro e também do acelerômetro que os pilotos usam no ouvido justamente para ajudar nesse tipo de situação.

Os dados mostram que Grosjean estava a 241km/h quando perdeu o controle na curva 3 após chocar-se com Daniil Kvyat. Seu carro, então, colidiu com o guard rail a192km/h e um ângulo estimado de 22 graus e um pico de força resultante equivalente a 67 vezes a força da gravidade. Com o impacto, a célula de sobrevivência se separou da parte traseira e a tampa de inspeção do tanque de combustível no lado esquerdo do chassi foi desconectada e a conexão de abastecimento de combustível do motor foi rasgada, ambos fazendo com que combustível escapasse do tanque.

A posição em que a célula de sobrevivência parou restringiu significativamente o espaço para que o piloto saísse. Devido a danos à célula de sobrevivência e de componentes que ficam dentro do cockpit, o pé esquerdo de Romain Grosjean ficou preso inicialmente quando o carro parou. O piloto conseguiu soltar o pé retirando-o da sapatilha, deixando-a na posição presa no carro e, em seguida, moveu o apoio de cabeça e para sair do carro. A bandeira vermelha foi acionada 5.5s depois do impacto de Grosjean com a barreira e o carro médico da FIA chegou 11s após o acidente.

mãos grosjean - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Romain Grosjean mostra recuperação da mão esquerda
Imagem: Reprodução/Twitter

O piloto francês conseguiu escapar do carro 27 segundos depois do impacto, e sofreu queimaduras nas mãos. Ele passou por cirurgia e se recuperou, assinando com a equipe Dale Coyle Racing para disputar a temporada da Indy em 2021. Ele vai dividir o carro 51 com o brasileiro Pietro Fittipaldi, que também foi seu substituto nas duas últimas etapas do ano na F1.