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Com Gasly e Tsunoda, AlphaTauri lança carro para a temporada 2021 da F1

Carro da AlphaTauri, que também é uma marca de roupas, foi apresentado como se estivesse em um desfile - AlphaTauri/Divulgação
Carro da AlphaTauri, que também é uma marca de roupas, foi apresentado como se estivesse em um desfile Imagem: AlphaTauri/Divulgação

Colunista do UOL

19/02/2021 05h06

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A AlphaTauri foi a segunda equipe da Fórmula 1 a mostrar seu carro para a temporada 2021, que começa no final de março, dia 28, com o GP do Bahrein. O time terá como dupla de pilotos o francês Pierre Gasly, que segue no time depois de ter surpreendido ao vencer o GP da Itália do ano passado, e o estreante japonês Yuki Tsunoda, de apenas 20 anos. A apresentação foi curta: uma espécie de desfile de moda, com modelos apresentando as roupas da marca AlphaTauri, com o carro sendo deixado para o final. A apresentação mostrou a nova pintura, com o azul escuro predominando no lugar do branco, mas não eram esperadas grandes mudanças no carro em relação ao ano passado, até porque a equipe fez a opção de não usar a traseira da Red Bull de 2020, algo que tinha direito de fazer por ser cliente.

O AT02 vai para a pista pela primeira vez dia 24 de fevereiro, em Imola, que fica bastante próxima à fábrica do time, em Faenza, na Itália. Será um dia de filmagens de material de divulgação, como permite o regulamento, mas no qual a equipe vai aproveitar para checar os sistemas do carro. Os testes coletivos, que terão apenas três dias em 2021, começam só em 12 de março, no Bahrein.

O estreante Tsunoda, primeiro japonês a correr na F1 desde 2014 e o primeiro piloto da F1 nascido nos anos 2000, fez uma carreira meteórica na Europa e, por conta disso, traz consigo muita expectativa. Ele disputou apenas um ano de Fórmula 3 e foi o estreante do ano e terceiro colocado na Fórmula 2 ano passado. Os outros dois estreantes de 2021 - Mick Schumacher e Nikita Mazepin, ambos da Haas - subiram à F1 depois de duas temporadas na F2. Tsunoda é apoiado tanto pela Red Bull, dona da AlphaTauri, quanto pela Honda, que fornece motores para a equipe.

''Tive sorte de passar algum tempo com a Scuderia AlphaTauri antes de a temporada começar, então já estou desenvolvendo relacionamentos fortes e aprendendo muito com eles - incluindo Pierre, que tem um talento incrível. Meu principal objetivo é aprender rapidamente e entregar resultados o mais rápido possível, e estou muito animado para começar'', disse Tsunoda, que fez uma série de testes com carros antigos nos últimos meses. Ele não pode testar com carros recentes por conta do regulamento.

É uma dupla interessante. Pierre Gasly provou que saiu mais forte da traumática experiência de ir para um time grande como a Red Bull e ser dispensado no meio de 2019, com performances fortes especialmente aos domingos. E a guinada que a carreira de Yuki Tsunoda deu com o japonês dentro do sistema muitas vezes cruel de jovens pilotos da empresa austríaca e a capacidade de aprendizagem que ele demonstrou nos últimos dois anos são motivos suficientes para ficar de olho no piloto. O time está acostumado a lidar com estreantes e terá ainda uma força extra da Honda que, sabendo que este será seu último ano na F1, adiantou o motor que estava programado para estrear só em 2022.

''A decisão de escolher Pierre e Yuki para 2021 foi tomada porque a filosofia da Scuderia AlphaTauri é de dar a jovens talentosos do programa da Red Bull Junior a oportunidade de subir para a F1 e educá-los - é por isso que Yuki agora tem essa chance," explicou o chefe da equipe, Franz Tost. "Em Pierre, temos um piloto experiente, que pode ajudar nosso novato japonês a se desenvolver mais rápido, ao mesmo tempo em que podemos buscar bons resultados. Acho que esta dupla é o melhor cenário possível para atingir nossas metas, e também estou confiante de que será um sucesso. Espero que Yuki tenha uma linha de aprendizado muito íngreme e, ok, ele deve ter algumas batidas, mas isso faz parte do aprendizado. Ele tem mostrado um controle extraordinário do carro e é muito forte nas curvas de alta velocidade."

Gasly, que estava na Toro Rosso antes de ir para a Red Bull, e retornou em 2019, se disse preparado para se tornar o líder do time. "Yuki é um piloto muito rápido e ele nos ajudará a equipe a avançar - vamos trabalhar juntos para conseguir isso ", disse o francês. "Eu realmente acredito que o ano passado foi o melhor da equipe em relação a como trabalhamos, como foi desenvolvimento, o desempenho e a forma como gerenciamos os fins de semana de corrida. Sempre faminto por conquistar mais e tenho certeza de que podemos alcançar grandes feitos em 2021."

Carro será desenvolvido no túnel de vento da Red Bull

O time, baseado em Faenza, na Itália, e que terminou 2020 com o sétimo lugar no campeonato, vai viver uma situação única no grid em 2021: o time se tornará o último a fazer a transição do túnel de vento de escala de 50% para o de 60%, tamanho máximo previsto no regulamento, agora que eles usarão o equipamento da Red Bull. Inicialmente, isso pode ser um fator complicador, já que o carro de 2021 foi concebido com os dados do túnel de vento de 50% e será desenvolvido com o de 60%, mas é melhor fazer essa mudança agora, com pelo menos o regulamento estável, do que lidar com uma série de variáveis novas de uma vez em 2022, quando haverá uma grande mudança de regulamento.

Um salto de 10% pode parecer pequeno, mas já aumenta os custos de produção das peças, porque elas têm de ser maiores e aguentar forças mais intensas também. Por outro lado, quanto maior a 'maquete', mais detalhada ela pode ser.

Então o foco é mesmo entender essa mudança e se preparar para o novo regulamento, ao mesmo tempo que o time tem uma meta ousada de lutar pelo quinto lugar no mundial de construtores, colocando-se em uma briga com times cujo orçamento é muito maior, como McLaren, Alpine, Aston Martin e Ferrari, mas que estarão passando por adaptações justamente porque entra em vigor neste ano o teto orçamentário para as equipes.

Para chegar nessa briga, o ideal seria conseguir tirar mais do carro em classificação, ponto em que a AlphaTauri ficou devendo em relação aos rivais diretos em 2020 em um ano em que margens mínimas fizeram muita diferença entre o terceiro e o sétimo lugares na luta entre os construtores.

São todas boas notícias, mas ainda assim a tarefa do time que tem o menor orçamento entre todas do meio do pelotão é difícil. Com rivais fortes como uma Ferrari com motor atualizado ou uma Aston Martin usando a traseira da Mercedes de 2020, qualquer coisa além de repetir o sétimo posto de 2020 já seria um resultado e tanto.