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De Verstappen a Jim Clark: quem tem os recordes mais duros de bater da F1?

Max Verstappen celebra sua primeira vitória na Fórmula 1, no GP da Espanha de 2016 - Mark Thompson/Getty Images
Max Verstappen celebra sua primeira vitória na Fórmula 1, no GP da Espanha de 2016 Imagem: Mark Thompson/Getty Images

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A Fórmula 1 se acostumou nos últimos meses a ter recordes quebrados por Lewis Hamilton, que se tornou o piloto com mais pódios na história em agosto do ano passado e, dois meses depois, aquele com mais vitórias do que qualquer outro nos 70 anos da categoria. Especialmente esse recorde de vitórias era visto como quase impossível de ser batido quando Michael Schumacher chegou às 91 em 2006, já que o segundo colocado, que era então Alain Prost, tinha 51. Mas Hamilton já atingiu 95.

Outras marcas, porém, são até mais difíceis de serem quebradas que o recorde de vitórias, seja porque as regras da Fórmula 1 mudaram desde que elas foram estabelecidas, seja porque a própria realidade da categoria é outra.

Recordes da F1 que são (quase) imbatíveis

Maior número de tentativas frustradas de alinhar no grid

O italiano Claudio Langes é o piloto com o maior número de tentativas de se classificar para o grid sem ter sucesso. Foram 14. Hoje em dia isso não acontece porque o grid tem 20 carros mas, há 30 anos, eram tantos carros inscritos que havia a necessidade de se fazer uma pré-classificação, da qual Langes nunca conseguiu passar. Mas ele não esteve sozinho: 123 pilotos na história tentaram alinhar o carro no grid e não tiveram sucesso.

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O brasileiro Roberto Moreno foi companheiro de Langes na equipe EuroBrun
Imagem: Pascal Rondeau/Allsport/Getty Images

Há quem pense que o fato de haver uma pré-classificação significa que o nível era mais alto. Mas uma história contada pelo companheiro de Langes na Eurobrun, em 1990, o brasileiro Roberto Pupo Moreno, ao UOL Esporte, ilustra bem a situação das equipes menores: depois de perceber a decepção da sua equipe por ter passado para a classificação oficial no GP da Espanha, Moreno ouviu de um dos chefes. ''Roberto, vou te contar uma coisa: toda vez que você passa da pré-classificação, nós temos que comprar 20 pneus e pagar duas revisões de motor. Se você não passa, a gente usa o mesmo motor por quatro corridas e só precisa de dois jogos de pneus. E o patrocinador paga a mesma coisa, passando ou não. Então, quando você passa para a classificação, você cria um rombo muito grande". A pré-classificação acabou em 1993, quando muitas equipes saíram do esporte.

Grid de largada mais cheio da história

A pré-classificação só começou a ser usada para impedir o excesso de carros no grid na década de 1970, quando o consenso era de que o número máximo era 26. Bem antes disso, o GP da Alemanha de 1953 marcou um recorde histórico: 34 carros largaram naquela corrida, e há uma explicação para isso. Em 1952 e 1953, as regras que contavam para definir as provas que fariam parte do campeonato mundial de pilotos eram de F2, então os carros acabavam se misturando com os da F1.

No final, Nino Farina venceu a prova no circuito de Nurburgring em um traçado bem mais longo que o de hoje: cada volta demorava cerca de 10min e o italiano só viu a bandeirada depois de 18 voltas e mais de 3h de prova. Mesmo sem terminar a corrida, Alberto Ascari conquistou o título daquela temporada naquele domingo, que teve só 16 carros classificados no final.

Maior diferença entre o primeiro e o segundo colocados

Quando uma Mercedes coloca uma volta no quarto ou quinto colocados, por exemplo, trata-se de uma vantagem que chama a atenção atualmente. E o tempo de volta no calendário atual da F1 fica entre pouco mais de um minuto e pouco menos de dois, dependendo do circuito. Então imagine ter de esperar quatro minutos e 54 segundos para ver o segundo colocado cruzar a linha de chegada (pensando no calendário atual, seriam mais ou menos 3 voltas atrás)? Isso aconteceu no GP da Bélgica de 1963, quando Jim Clark venceu com essa diferença para Bruce McLaren, fundador da equipe McLaren. Clark tem uma média de vitórias bastante alta na F1 porque andou com o melhor carro disparado (a Lotus), era um piloto fora de série e acabou morrendo cedo. No circuito antigo de Spa-Francorchamps, de 14km, o que obviamente também abriu a possibilidade da diferença ser tão grande, ele conseguiu construir uma enorme vantagem na chuva, que apertou no final da prova.

Menor diferença entre o primeiro e o segundo colocados

Seria exagero dizer que este recorde é impossível de ser batido, mas definitivamente é muito difícil. No GP da Itália de 1971, Peter Gethin superou Ronnie Petterson por 0s01, em uma época em que os tempos na F1 eram contados apenas até os centésimos. A aerodinâmica dos carros da época e as características do circuito de alta velocidade de Monza contribuíram para que os carros chegassem tão colados. Mas até mesmo a chegada emocionante de Lewis Hamilton e Pierre Gasly na luta pelo segundo lugar do GP Brasil de 2019 foi decidida por 6 vezes mais (antes que Hamilton foi punido) do que a chegada de Gethin e Peterson: naquela ocasião, 0s062 dividiram os dois.

Menor número de corridas até o título

Não há nenhuma surpresa a respeito de quem tem esse recorde: foi o primeiro vencedor da F1, Giuseppe Farina, com 6 GPs até seu primeiro e único título. Mas mesmo se um estreante for campeão hoje em dia, terá feito muito mais provas, já que o calendário atual tem 23 corridas. Então é um recorde que, definitivamente, ficará para a história.

Vale lembrar que um dos cinco pilotos que menos provas fizeram na F1 antes de serem campeões é o brasileiro Emerson Fittipaldi, com 25.

Piloto mais novo a vencer na F1

Este recorde não é tecnicamente impossível de ser batido, mas muito dificilmente será. Max Verstappen conquistou seu primeiro pódio e sua primeira prova no GP da Espanha de 2016. Começando seu segundo ano na categoria, Verstappen tinha apenas 18 anos e 228 dias. São dois os elementos que tornam essa marca difícil de ser batida: Verstappen venceu sua corrida de número 24 na F1, então de forma relativamente precoce. E o grande empecilho é uma regra criada justamente depois que o holandês estreou na categoria com apenas 17 anos e 166 dias, tornando-se o primeiro piloto com menos de 18 anos a disputar uma corrida: a partir daí, a FIA passou a determinar que, para obter a superlicença necessária para correr na F1, é preciso ter pelo menos 18 anos.

Pilotos mais longevos da história

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Fangio foi campeão pela última vez com 47 anos
Imagem: Divulgação

Como a F1 foi se profissionalizando e também ficando mais física ao longo dos anos, a idade média dos pilotos também foi caindo, então há recordes de longevidade que dificilmente serão atingidos. O argentino Juan Manuel Fangio foi campeão pela quinta e última vez aos 47 anos, e até hoje o campeão mais velho - o veterano Kimi Raikkonen, por exemplo, teria que fazer mais seis temporadas, pelo menos, para chegar na mesma idade de Fangio. E vencer o campeonato na última delas, claro!

O monegasco Louis Chiron foi o piloto mais velho a disputar uma prova, com 55 anos, nove meses e 19 dias. Ele correu em casa, no GP de Mônaco de 1955. E Luigi Fagioli venceu o GP da França de 1951 dias depois de completar 53 anos sendo, oficialmente, o vencedor de GP mais velho. Porém, nessa época, era possível dividir o carro com seu companheiro de equipe, e esse foi o caso de Fagioli. Mais um motivo, portanto, para aquele GP de grid cheio na Alemanha em 1953 ter ficado na história: Farina tinha 46 anos quando ganhou aquela prova, sendo o mais velho a ganhar tendo pilotado em todas as voltas da corrida.

Errata: este conteúdo foi atualizado
As voltas em Nurburgring demoravam cerca de 10 minutos, não 10 segundos.