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Como relação com rival mudou, e Hamilton pediu para Vettel não abandonar F1

Lewis Hamilton e Sebastian Vettel antes de largada do GP de Portugal - Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel antes de largada do GP de Portugal Imagem: Dan Istitene - Formula 1/Formula 1 via Getty Images

Colunista do UOL

16/01/2021 04h00

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Houve uma época em que Lewis Hamilton dizia que o domínio de Sebastian Vettel na Fórmula 1 era tamanho que "fazia os fãs dormirem diante da TV". Isso foi em 2013, ano do tetracampeonato do alemão, em que ele engatou uma sequência de 10 vitórias em 11 GPs. Na época, Hamilton tinha apenas um título e tinha acabado de se transferir da McLaren para a Mercedes. As trocas de farpas continuaram nos anos seguintes, atingindo o ápice no GP do Azerbaijão de 2018, quando Vettel jogou o carro para cima de Hamilton, acreditando que o inglês tinha freado de propósito para que ele batesse em sua traseira durante um período de Safety Car.

Mas nos últimos dois anos a relação dos dois melhorou a ponto de Hamilton ter insistido para que Vettel continuasse na Fórmula 1 mesmo após a decisão da Ferrari de não renovar seu contrato, que acabou no final de 2020. Em um período em que o alemão admitiu que pensou seriamente em se aposentar, as palavras do rival ajudaram na decisão final de assinar com a Aston Martin e seguir no grid.

"Lewis me ligou depois que eu recebi as más notícias na primavera [no hemisfério norte, quando a Ferrari, também por telefone, informou que seu contrato não seria renovado]. E depois tivemos algumas conversas ou escrevemos um para o outro. Ele sempre tentou me animar e me motivar a continuar", disse Vettel em entrevista ao diário alemão Blick. "E eu tive vários motivos para parabenizá-lo por seu grande sucesso. Tenho certeza de que Lewis várias vezes teve motivos para sentir pena de mim", completou o alemão, em tom de brincadeira.

As ‘trocas de afagos’ públicas entre Hamilton e Vettel coincidiram com o crescimento de uma geração de pilotos bem mais nova que eles, capitaneada por Max Verstappen e Charles Leclerc, e também com a queda da Ferrari. Sem lutar diretamente com Vettel pelas vitórias, Hamilton passou a elogiar o rival mais frequentemente.

"Tudo o que eu posso fazer é ter empatia com a situação em que ele se encontra e ser compreensivo", disse Hamilton sobre uma temporada em que, depois que a Ferrari deixou claro que Vettel não fazia parte dos planos para o futuro, ele teve também muitas dificuldades na pista. "Porque a sensação de ouvir que não querem que você continue no time não é legal, especialmente depois que você deu tudo por aquela equipe. Mas acho que a maneira como continuou trabalhando pela equipe mostra o comprometimento dele com o esporte. Espero que tudo isso seja para o bem do futuro dele."

O respeito entre os rivais também é claro em outras áreas. Vettel, que é um dos comandantes da GPDA, a associação dos pilotos da F1, tem sido a voz mais ativa junto à de Hamilton sobre a necessidade de a categoria se manifestar contra o racismo. Depois de cobrar a FIA e a F1 que organizassem o protesto antirracismo que os pilotos fizeram antes de todas as etapas de 2020, bem à sua maneira, sem chamar muito a atenção, Vettel correu com um capacete cujo tema era a diversidade e depois arrecadou quase 1.5 milhão de reais para caridade ao leiloar a peça.

Após Hamilton ultrapassar os números do ídolo de Vettel, Michael Schumacher, e se tornar o maior vencedor da história da F1, coube ao alemão apontar o inglês como "o melhor da nossa era", evitando comparações com épocas diferentes por acreditar que é difícil avaliar realidades distintas.

Agora na Aston Martin, Vettel não terá de cara a chance de "dar sono" nos fãs como no passado, uma vez que a Mercedes deve seguir dominando com um regulamento relativamente estável em 2021. Porém, o time, administrado pelo bilionário Lawrence Stroll tem parceria forte justamente com a Mercedes, e tem tudo para ser um bom negócio para o tetracampeão a médio prazo.