Como Hamilton, Senna começou o ano sem contrato e conseguiu 'bolada' em 93
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A temporada da Fórmula 1 começa em pouco mais de dois meses e a principal estrela do campeonato, o heptacampeão Lewis Hamilton, ainda não assinou o contrato para seguir na Mercedes, após as negociações atrasarem por conta de mudanças pelas quais a própria equipe passava em seu controle acionário. Os motivos são outros, mas não é a primeira vez que um astro do esporte inicia o ano sem contrato: Ayrton Senna viveu uma situação semelhante em seu último ano de McLaren, em 1993.
Senna não apenas começou o ano sem contrato assinado, como foi firmando acordos corrida a corrida. A Honda, parceira importante para o domínio da McLaren no final dos anos 1980, tinha decidido deixar a Fórmula 1, e a McLaren estava tendo dificuldades para encontrar um novo fornecedor (situação que guarda semelhanças, inclusive, com o que a Red Bull está vivendo depois que os japoneses, novamente, anunciaram sua retirada, no final deste ano).
Senna estava muito descontente com a McLaren, que tinha sido ultrapassada em termos de tecnologia pela Williams, com sua suspensão ativa. A temporada de 1992 tinha sido um massacre de Nigel Mansell e Senna chegou a oferecer para correr de graça para a Williams, sem saber que seu rival Alain Prost tinha assinado com o time depois de tirar um ano sabático e vetara sua contratação.
Sem saída, Senna teve de continuar na McLaren, que acabou fechando com a Ford para ser equipe-cliente. Ou seja, além de não ter carro para lutar pelo título, Senna também não teria motor. Ele, então, disse que só correria se ganhasse 1 milhão de dólares por prova, quantia muito acima do que era pago aos pilotos na época. O chefe da McLaren, Ron Dennis, ofereceu 5 milhões pela temporada, e o brasileiro disse que, desse modo, só faria as cinco primeiras provas.
Senna começou muito bem aquele campeonato, e ganhou poder de barganha principalmente após a performance no GP da Europa, sob muita chuva, em Donington Park, uma de suas vitórias mais famosas. Dennis não teve escolha a não ser colocar a mão no bolso, e Senna passou toda a temporada firmando acordos GP por GP, tendo o que muitos consideram seu melhor ano como piloto, criticando muito o conjunto da McLaren e, para finalizar, assinando com a Williams após o título e a aposentadoria de Prost ao final de 1993.
No caso de Hamilton, o ano da renovação coincidiu com um momento importante para o futuro de sua equipe, com a assinatura do novo pacto da Concórdia (uma série de acordos entre as equipes, a Liberty Media, que detém os direitos comerciais, e a FIA, o órgão regulatório da F1) por mais cinco anos e com mudanças internas na equipe, depois que a Mercedes colocou uma meta ambiciosa de cortar 20% de seus gastos mundiais até 2025 e passou a buscar soluções para manter o time na F1, mas investindo menos. E, no final de 2020, foi anunciada a venda de um terço da equipe para a parceira do setor de petroquímica Ineos, e a permanência do também acionista e chefe da equipe, Toto Wolff. Cada uma das partes agora tem um terço do time.
Com essa questão definida, o próximo passo é firmar o novo contrato de Hamilton, que deve ser seu último na Fórmula 1. O piloto de 36 anos deixou claro que pretende ter um papel mais proeminente dentro da Mercedes e também almeja que pretende ter ou uma compensação maior ou mais controle sobre seus direitos de imagem.
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