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Binotto revela que ensaiou para demitir Vettel e defende motor ferrarista

Mattia Binotto chefe de equipe da Ferrari acredita que a chegada de Carlos Sainz será benéfica para os objetivos da escuderia  - Eric Alonso/MB Media/Getty Images
Mattia Binotto chefe de equipe da Ferrari acredita que a chegada de Carlos Sainz será benéfica para os objetivos da escuderia Imagem: Eric Alonso/MB Media/Getty Images

Colunista do UOL

30/10/2020 08h01

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O chefe da Ferrari, Mattia Binotto, falou pela primeira vez sobre a dificuldade em fazer a ligação em que comunicou a Sebastian Vettel que seu contrato com a Scuderia não seria renovado. A decisão foi tomada antes mesmo de a temporada 2020 começar e, segundo o suíço, é decorrente de um planejamento a longo prazo para a recuperação da equipe.

"Estava em casa, e antes de ligar para ele eu repeti mentalmente três vezes o que eu iria dizer e como eu iria falar para ele", revelou em entrevista à Sky Italia. "A escolha não foi fácil, porque o amamos pelo que ele foi, pela maneira como ele se comportou e pelo que ele deu para a equipe ao longo dos anos. Mas chega uma hora em que você tem de ter a clareza para tomar decisões visando o futuro."

Perguntado sobre a reação de Vettel, Binotto disse que ele "não desligou o telefone. Ele é uma pessoa muito inteligente, e manteve seu caráter durante uma temporada em que não tem faltado dificuldades. Ele nunca foi negativo. Ao contrário: ele foi uma pessoa proativa e respeitável."

A decisão veio depois que a Ferrari percebeu o quanto havia perdido com tudo o que teve de alterar em seu motor, que foi investigado pela Federação Internacional de Automobilismo ao final da temporada passada, e ressurgiu muito menos potente em 2020 depois de um acordo sigiloso. Ainda assim, Binotto afirmou que a Ferrari nunca esteve fora do regulamento.

"Caso contrário, teríamos sido desclassificados. A FIA fez investigações em todas as corridas, e nunca encontrou nada de irregular. Nenhum adversário protestou. Chegamos a um acordo no qual havia alguns pontos que estavam em uma zona cinzenta. É normal que o acordo seja sigiloso, já que não podemos revelar detalhes do nosso projeto."

Com menos potência, todo o projeto ferrarista para 2020 foi por água abaixo, já que eles tinham projetado um carro que gerava mais arrasto aerodinâmico, imaginando que isso seria compensado pelo motor. Para piorar, com a pandemia, as mudanças no regulamento da F1, que estavam programadas para 2021, vão ter que esperar até 2022. Por conta desse cenário, a Ferrari optou por uma dupla de jovens, contratando Carlos Sainz para formar dupla com Charles Leclerc. Vettel assinou com a Aston Martin (atual Racing Point) para o ano que vem.

"Estamos perto do início de um novo ciclo técnico em 2022, e há uma equipe que está sendo construída em todas as áreas", explicou Binotto. "Temos o dever e a ambição de pensar a médio e longo prazos, e é justamente por esse pensamento que a força para fazer certas escolhas precisa ser encontrada."

A Ferrari está atualmente em sexto lugar no mundial de construtores, a 27 pontos da quinta colocada.