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F1 terá de tornar carros mais lentos para fugir de problemas com os pneus

Lewis Hamilton checa o pneu estourado de sua Mercedes após vencer o GP da Inglaterra em Silverstone - Bryn Lennon/Getty Images
Lewis Hamilton checa o pneu estourado de sua Mercedes após vencer o GP da Inglaterra em Silverstone Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

02/09/2020 04h00

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O tempo da pole position de Lewis Hamilton no GP da Bélgica no último sábado foi 1s267 mais veloz que o recorde da pista de Spa-Francorchamps, marca que tinha sido batida por Charles Leclerc ano passado. É um bom exemplo de por que a F1 está sendo forçada a tornar os carros mais lentos na próxima temporada. A pedido da fornecedora de pneus Pirelli, que vai usar os mesmos compostos por um terceiro ano consecutivo em 2021, calcula-se que os carros vão perder 10% da pressão aerodinâmica.

Tudo isso é um subproduto de mudanças que tiveram de ser feitas por conta da pandemia. Durante o ano passado, a Pirelli chegou a desenvolver pneus novos para serem usados em 2020, mas as equipes optaram, de forma unânime, pela continuidade dos compostos de 2019. Na época, eles estavam preocupados em terem que aprender como lidar com os pneus de 2020 ao mesmo tempo em que estariam focados com o desenvolvimento do carro de 2021, que seria completamente diferente.

Com a pandemia, a F1 atrasou a grande mudança de regulamento técnico que seria feita em 2021, e impôs uma série de restrições no desenvolvimento dos carros e dos motores para este ano e para o próximo, a fim de cortar gastos. Mas é possível fazer atualizações aerodinâmicas, que naturalmente vão fazendo com que os carros fiquem mais rápidos.

Os estouros de pneus de três carros no final do GP da Grã-Bretanha, no entanto, apontaram que a evolução foi tanta que os Pirelli já estavam sendo testados em seu limite. A saída usada para a corrida seguinte foi aumentar a prescrição de pressão mínima, mas isso traz consequências ruins para a competição porque gera superaquecimento dos pneus e faz com que os pilotos tenham que administrar muito o ritmo.

Como as equipes não querem o pneu feito para 2020 e a Pirelli vai ter que continuar com os mesmos compostos por um terceiro ano seguido, algo que nunca aconteceu desde que a fabricante voltou ao esporte em 2011, a única saída é tentar frear os carros.

O chefe de monopostos da FIA, Nikolas Tombazis, explicou que haverá restrições maiores nos assoalhos, nos dutos de freio e no difusor. "Discutimos algumas mudanças em abril e maio, mas decidimos na época mudar só o assoalho. Porém, com a temporada progredindo, vimos quanta pressão aerodinâmica os carros estão produzindo, e decidimos que provavelmente precisávamos dar um passo a mais. Há um critério para escolher as áreas em que estamos fazendo mudanças, especialmente para os times menores. Não estamos mudando nada na frente, porque esse tipo de alteração tem um efeito-cascata no restante do carro. E também não queremos que ninguém leve vantagem com isso."

A ideia da FIA é que os carros percam cerca de 10% de sua pressão aerodinâmica. Isso vai servir para compensar o que geralmente é ganho com o desenvolvimento ao longo de dois anos.

Como a expectativa é de que os carros fiquem mais lentos com o regulamento de 2022, isso quer dizer que os recordes estabelecidos em 2020 podem durar pelo menos alguns anos. A temporada tem dez corridas pela frente, começando pelo GP da Itália já neste final de semana. Lewis Hamilton vem dominando a temporada a caminha a passos largos para conquistar o heptacampeonato e igualar-se a Michael Schumacher.