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A vitória da sensibilidade enquanto a Mercedes paga por ser veloz demais

Max Verstappen comemora vitória no GP de Silverstone - Bryn Lennon/Getty Images
Max Verstappen comemora vitória no GP de Silverstone Imagem: Bryn Lennon/Getty Images

Colunista do UOL

09/08/2020 17h04

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Será que as Mercedes pagaram por serem rápidas demais em Silverstone? No GP da Grã-Bretanha, com compostos de pneu mais duros e temperatura mais amena, os dois carros tiveram estouros por desgaste, ou seja consumiram toda a borracha do pneu, nas voltas finais, e Lewis Hamilton só não perdeu a corrida porque isso aconteceu com ele com poucas curvas para o final. E, neste domingo, o calor e os compostos mais macios mudaram a cara do "inimigo": o superaquecimento gerou bolhas, que impediram que Hamilton e Bottas forçassem tanto o ritmo quanto poderiam em teoria. Melhor para Max Verstappen, o único piloto que tem conseguido colocar um mínimo de pressão na Mercedes neste ano.

Nas duas provas, ninguém sofreu mais com os pneus do que as Mercedes. E também ninguém teve um equipamento tão forte para tanto.

No final das contas, o prejuízo não foi dos piores: mesmo sofrendo desde o início da prova, Hamilton foi segundo e Bottas, terceiro, tamanha a vantagem do time que, salvo uma tragédia, já pode ir programando a festa do hepta. Isso porque, como destacou Verstappen, houve uma combinação de fatores nesta tarde em Silverstone que dificilmente vai se repetir, com um circuito que gera muita energia nos pneus de qualquer maneira, calor e principalmente pneus mais macios do que normalmente a Pirelli levaria para a pista inglesa, e que só foram escolhidos justamente para criar variáveis na segunda corrida em um mesmo circuito.

Mas quem sabe não vale a pressão para que a fornecedora de pneus repita a dose ao longo da temporada. Até porque a Red Bull, um carro difícil de pilotar, parece ganhar vida com os pneus mais duros e Verstappen vem demonstrando o amadurecimento de quem consegue ler muito bem quando as oportunidades surgem, como quando decidiu contrariar o engenheiro e seguir as Mercedes de perto no início da prova, e na manobra decisiva em cima de Bottas, que selou sua vitória.

Isso tem a ver com o feeling, a sensibilidade do piloto, algo para o qual a F1 moderna não costuma dar tanta importância. Mas deveria. Além de Verstappen, outro jovem, Charles Leclerc, também foi contra as determinações da Ferrari. Ele sentia que conseguiria fazer a estratégia de uma parada funcionar, em um carro que gera muito menos pressão aerodinâmica que os Mercedes, e disse que insistiu por toda a prova para manter seu plano. "Eles ficam muito focados no que os computadores dizem, mas meu feeling no carro era de que os pneus aguentariam". Ele estava certo e levou um quarto lugar para a casa.

Ajuda, é claro, o fato de Leclerc estar mais à vontade com o carro que seu companheiro Sebastian Vettel, que rodou mais uma vez por um erro próprio, mas também passou grande parte da prova no meio do trânsito, o que não é bom para o rendimento do carro, e também para os pneus. É por isso que ele se queixou durante a prova, e é por dias como hoje que há quem comece a duvidar que ele ainda estará correndo pela Ferrari na última corrida do ano em Abu Dhabi.