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Por que 4 rivais (e a Racing Point) vão apelar de punição à Mercedes rosa?

Lance Stroll, da Racing Point, durante treinos livres para o GP dos 70 Anos - Divulgação/Racing Point
Lance Stroll, da Racing Point, durante treinos livres para o GP dos 70 Anos Imagem: Divulgação/Racing Point

Colunista do UOL

08/08/2020 09h34

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A punição de 15 pontos no campeonato de construtores e a multa de mais de 2.5 milhões de reais para a Racing Point por ter copiado os dutos de freio traseiros do carro da Mercedes de 2019 geraram uma "pequena revolução" no paddock da F1, como descreveu o chefe do time alemão, Toto Wolff: quatro rivais da Racing Point indicaram sua intenção de apelar da decisão, e a própria equipe também deve tentar reduzir sua pena.

Ferrari, McLaren, Renault, Williams e a própria Racing Point agora têm cinco dias para entrar, de fato, com seus apelos. Wolff, aliado político de Lawrence Stroll, cujo consórcio comprou a Racing Point em 2018, disse que as rivais "estão irritadas porque não têm o mesmo tipo de desempenho" da Racing Point. Mas na verdade as equipes veem dois pontos importantes para serem esclarecidos: primeiramente, eles acreditam que a Racing Point continua levando vantagem por ter sido considerada culpada e, mesmo assim, não ter que mudar seu carro. E o ponto mais importante é fechar qualquer possibilidade nas regras de que o nível de cópia de um carro seja tão grande em 2021, ou seja, algo que vai muito além dos dutos de freio.

É isso que indicou o CEO da McLaren, Zak Brown. "Eles dizem que copiaram o carro da Mercedes baseando-se em fotos. E o veredicto dos dutos de freio mostra que isso é bobagem. E nos leva a questionar o carro inteiro."

O chefe da Ferrari, Mattia Binotto, seguiu a mesma linha. Ele lembrou que o caso dos dutos de freio é diferente pela mudança de seu status de peça que poderia ser vendida para uma peça que deve ser projetada por cada construtor em 2020, mas questionou se a maneira como a Racing Point lidou com os dutos pode significar que eles fizeram o mesmo com o restante do carro. "Ficou determinado que o que eles fizeram está fora das regras, e isso é importante. Obviamente, é algo relacionado aos dutos de freio, mas há todo um conceito por trás disso, que também é um conceito de copiar: é permitido, então, copiar todo um conceito?"

Já a Renault apontou que a Racing Point segue tendo a vantagem de usar os dutos copiados, uma vez que a FIA decidiu punir o time pelo processo utilizado para fazer as peças, e não considerou as pelas ilegais em si, ou seja, elas não vão precisar ser modificadas ao longo do ano. "As equipes usam 20% de seu tempo de testes aerodinâmicos neste tipo de peça, é algo muito significativo", argumentou.

Racing Point quer "limpar nome"

O CEO da equipe, Otmar Szafnauer, disse que o time estava avaliando se seguiria adiante com o apelo da decisão ou não devido aos altos custos de uma batalha judicial, somados à possibilidade de que a multa aplicada fosse mantida. Mas por outro lado considera importante reagir a uma decisão que ele considera errada.

A equipe segue afirmando que entende não ter feito nada de errado, uma vez que obteve legalmente o projeto dos dutos de freio da Mercedes ano passado, e isso explica por que eles são tão parecidos. Até o ano passado, a venda destas peças era permitida pelo regulamento mas, para 2020, cada equipe teria de fazer seu próprio modelo.

"Não fizemos absolutamente nada de errado, mas fomos considerados culpados de acordo com o regulamento esportivo, e isso não é positivo. Devemos considerar a apelação para limpar nosso nome. Não fizemos absolutamente nada de errado, seguidos o regulamento à risca."

Szafnauer se disse frustrado e questionou por que o time virou alvo. "Você vê equipes como a Haas e a Toro Rosso [AlphaTauri], que têm recebido dados e dutos de freio desde sempre e eles estão legais e nós não estamos?", questionou. Do lado da Haas, Guenther Steiner já afirmou que o time redesenhou totalmente o duto de freio que recebia legalmente da Ferrari durante o ano passado após questionar a FIA sobre as mudanças previstas no regulamento de 2020.

No final das contas, é uma briga para determinar o que significa desenhar suas próprias peças e quais os limites de colaboração entre as equipes, especialmente no caso dos times citados por Szafnauer, que dependem em grande parte de Red Bull e Ferrari.