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Após FIA negar reclamação da Red Bull sobre Mercedes, F1 espera nova briga

Chefe da Red Bull, Christian Horner, no GP da Áustria - Getty Images
Chefe da Red Bull, Christian Horner, no GP da Áustria Imagem: Getty Images

Colunista do UOL

04/07/2020 06h59

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A primeira corrida do ano da Fórmula 1 vem sendo movimentada fora das pistas, com uma briga técnica entre Red Bull e Mercedes. Depois da equipe de Max Verstappen e Alex Albon entrar com um protesto contra um sistema inovador da Mercedes, chamado DAS, a Federação Internacional de Automobilismo decidiu não aceitar os argumentos e liberar os hexacampeões mundiais para usá-lo. Mas é bem provável que esta não seja a única briga do tipo na temporada, depois que a Racing Point, com um carro muito semelhante ao da Mercedes do ano passado, vem tendo um grande desempenho e pode lutar pelo pódio no domingo.

Entenda o caso Red Bull x Mercedes

O protesto da Red Bull já era esperado desde o GP da Austrália, que acabou sendo cancelado horas antes do primeiro treino livre devido ao coronavírus, e aconteceu após as primeiras sessões na Áustria. A equipe argumentou à FIA que o sistema faz parte da suspensão e, como tal, não poderia se mover ou trazer benefício aerodinâmico. A resposta da federação, já na madrugada na Áustria, foi de que o DAS faz parte do sistema de direção, "ainda que não de forma convencional", como salientou o chefe do corpo técnico da FIA, Nikolas Tombazis, e portanto pode se mexer, assim como o volante.

O sistema DAS, estudado há anos pela Mercedes, usa um movimento no volante para mudar a posição das rodas, de forma a alinhá-las de maneira diferente nas retas e nas curvas. Isso acontece só nos pneus dianteiros e ajuda os quatro pneus a serem aquecidos de maneira mais linear, o que ajuda o carro a ter mais aderência e também a consumir menos pneus.

Próxima briga: a "cópia" da Racing Point

Racing Point - Divulgação/Racing Point - Divulgação/Racing Point
Carro da Racing Point promete uma boa temporada para o time
Imagem: Divulgação/Racing Point

Ainda não há nenhum protesto formal, mas equipes como a Haas e McLaren já deixaram claro que não estão satisfeitas como as similaridades entre os carros da Racing Point deste ano e a Mercedes do ano passado. E as queixas tendem a piorar agora que a expectativa de que o time desse um salto de performance está se confirmando na primeira corrida do ano, em que o mexicano Sergio Perez demonstrou ritmo até para lutar pelo pódio.

Parceira da Mercedes, da qual compra componentes, como a caixa de câmbio, algo que é permitido pelas regras, a Racing Point tentava, há anos, se inspirar na aerodinâmica dos carros da Red Bull, mas percebeu ano passado, quando inclusive começou a usar o túnel de vento da Mercedes, que o melhor caminho até para acomodar melhor seu câmbio seria inspirar-se no time alemão. Preocupada se essa tal inspiração feria as regras de que cada construtor deve fazer seu próprio carro, a FIA chegou a visitar a fábrica da equipe para checar os projetos, e não viu nada de errado. Ainda que a Racing Point admita que há muito da Mercedes de 2019 em seu carro, garante que não há nada de irregular.

Isso reacende uma discussão antiga e que voltou nos últimos anos na F1: a possibilidade de permitir que equipes vendam modelos antigos para times menores, a fim de diminuir os custos e aumentar a competitividade. Nos últimos anos, houve uma flexibilização do que pode ser vendido de uma equipe para a outra, o que possibilitou a entrada da Haas no campeonato, uma vez que o time tem extensa parceria com a Ferrari e compra o chassi de outra empresa, a Dallara.

Por conta disso, o mais provável no caso da Racing Point é que não ocorra um protesto em si, mas sim uma cobrança para que as regras mudem, como explicou o chefe da McLaren, Andreas Seidl. "A Mercedes e a Racing Point escolheram esse caminho que, honestamente, tem espaço nas regras. Eu gosto? Claro que não mas, ao mesmo tempo, se é possível fazer isso dentro das regras, ter esse tipo de cooperação entre as equipes, dividindo tecnologia de túnel de vento, não há motivos para reclamar."