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Hamilton e chefe da Mercedes homenageiam Niki Lauda um ano após sua morte

Niki Lauda foi um dos nomes importantes para o sucesso da Mercedes - Mark Thompson/Getty Images
Niki Lauda foi um dos nomes importantes para o sucesso da Mercedes Imagem: Mark Thompson/Getty Images

Colunista do UOL

20/05/2020 04h00

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Ele podia ser duro e sempre teve fama de muito sincero, mas também foi fundamental para o sucesso da equipe mais vencedora da história da F1, sendo a única a conquistar 12 títulos seguidos - seis de pilotos e seis de construtores. Isso sem contar nos três títulos que conquistou como piloto e, de quebra, em como ele inspirou Lewis Hamilton a se tornar um dos pilotos mais vitoriosos da categoria. A influência de Niki Lauda na F1 é inegável, e ainda é sentida especialmente em seus colegas da Mercedes um ano depois de sua morte.

Depois de passar meses tentando se recuperar de um transplante duplo de pulmão, Lauda faleceu enquanto os times se preparavam para o GP de Mônaco do ano passado. Hamilton acabou cancelando seus compromissos no Principado na ocasião, e o chefe da equipe, Toto Wolff, se emocionou bastante na entrevista coletiva que só conseguiu conceder alguns dias depois. Eles percorreram trajetórias até similares em sua relação com o tricampeão: foi Lauda quem convenceu Hamilton a assinar com a Mercedes, em 2012. Mas foi só depois de conviver com o inglês que ele percebeu o quanto os dois eram parecidos. Já com Wolff, a relação foi ruim por mais de um ano, e depois os austríacos se tornaram grandes amigos, e tinham funções complementares no comando da equipe de maior sucesso da história.

Lauda Hamilton - REUTERS/Brandon Malone - REUTERS/Brandon Malone
Hamilton conversa com Lauda
Imagem: REUTERS/Brandon Malone

Hamilton admitiu que, mesmo um ano depois da morte de Lauda, falar sobre o austríaco é difícil para ele. "Definitivamente ter o apoio de alguém como o Niki demanda muito respeito. Talvez eu achasse que ele não me respeitava tanto como piloto, mas ele respeitava. Depois da corrida de Singapura [de 2012, quando Hamilton estava quase desistindo de trocar a McLaren pela Mercedes] conversamos e ele me disse que eu era parecido com ele em vários sentidos. Disse que a gente tinha mais em comum do que ele imaginava", relembrou o hexacampeão.

Essa conversa não apenas convenceu Hamilton a apostar na Mercedes, como também mudou a relação com Lauda. "Viajávamos juntos, eu fui com ele para Ibiza [onde Lauda tinha residência]. A gente sempre conversava depois das corridas e ele me perguntava do que eu precisava para ser melhor. Ele sempre buscava melhorar e, se tem algo que aprendi com ele, foi isso. Ele me ensinou a ser assim dentro do ambiente de trabalho, e gosto de acreditar que consigo aplicar isso no meu dia-a-dia."

Niki Lauda 1976 - Reprodução/Mike Powell/Allsport - Reprodução/Mike Powell/Allsport
Imagem: Reprodução/Mike Powell/Allsport

Wolff também destacou a maneira como Lauda enxergava oportunidades nos momentos difíceis, sempre buscando evoluir, o que acabou se tornando uma marca da equipe Mercedes.

"A adversidade com que ele teve de lidar e a maneira como ele o fez é algo que sempre admirei. Ao longo dos anos, nossa relação se desenvolveu e acho que aprendemos muito um com o outro porque éramos muito diferentes. Ele se tornou meu sparring e um amigo que estaria do meu lado neste ambiente tão hostil e eu sinto muita falta disso. Perdi meu parceiro de negócios, meu companheiro de viagens, meu treinador e todos na equipe sentimos muito a falta dele. Niki me inspirou com sua personalidade, sua abordagem resiliente e também pela maneira como ele conseguia se reinventar. Ele foi piloto, criou uma companhia aérea e chefiou o board da Mercedes. É uma carreira incrível."

Lauda foi ídolo da Ferrari nos anos 70, conquistando os campeonatos de 1975 e 1977. Mas o momento mais marcante de sua carreira ocorreu em 76, quando ele sofreu um acidente que por pouco não o matou, em Nurburgring e, mesmo assim, voltou para disputar o título até o final com James Hunt. O austríaco se aposentaria da F1 em 79, mas retornaria em 1982, correndo pela McLaren. Ele foi campeão novamente em 84 e encerrou definitivamente sua carreira nas pistas no ano seguinte. Lauda voltaria como dirigente na década de 90, primeiro com a Ferrari, depois pela Jaguar e, nos últimos anos, atuou como presidente não-executivo da Mercedes. Morreu aos 70 anos de insuficiência renal.