Desistência da McLaren e "choque" de Hamilton: coronavírus assombra a F-1
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A quinta-feira do GP da Austrália costuma ter clima de "volta às aulas", com o primeiro dia de atividades da etapa que abre a temporada da Fórmula 1. Mas desta vez os ares não poderiam ser diferentes no circuito Albert Park. Com a pandemia do coronavírus provocando a desistência da McLaren e o cancelamento de sessões de autógrafos e entrevistas, a grande questão deste início de campeonato é por que motivo a categoria está seguindo adiante como se nada tivesse acontecendo.
"Estou muito surpreso por estarmos aqui", disse Lewis Hamilton, o piloto que se posicionou mais fortemente contra a corrida. "Acho chocante que estamos aqui, nesta sala. Parece que o resto do mundo está reagindo", completou.
Hamilton citou as restrições de voos dos Estados Unidos para a Europa e o adiamento da temporada da NBA como exemplos de reações fortes que poderiam ser seguidos pela F-1. Mas a categoria prefere esperar pela decisão dos promotores, que afirmam que a corrida vai acontecer no domingo.
Kimi Raikkonen disse que "provavelmente não é o correto" seguir adiante com a primeira etapa da temporada, mas a grande maioria dos pilotos preferiu não opinar. "Não somos médicos, não somos parte do governo. Não sabemos nada sobre o assunto e temos de confiar no que dizem para nós", disse Carlos Sainz, da McLaren.
Pelo menos oito casos suspeitos
Não que a Fórmula 1 esteja imune ao coronavírus. Pelo menos oito profissionais estão em isolamento depois de sentirem sintomas que podem ser da doença, e as equipes esperam os resultados, que podem demorar até a segunda-feira para sair. Os casos suspeitos são de quatro funcionários da Haas, um da McLaren e outros três de fornecedores.
Houve uma parcela considerável, inclusive, que nem sequer viajou para a Austrália. O cálculo é de que cerca de 3.500 pessoas viajem para todas as etapas do campeonato, e pelo menos 800 ficaram em casa, incluindo os profissionais da italiana Brembo, que fornece freios para a maioria dos carros do grid.
Na Ferrari, Charles Leclerc revelou que a preparação foi um pouco diferente devido ao coronavírus. "Os mecânicos e engenheiros passaram por vários exames antes de saírem de Maranello para ver se tudo estava bem e para nos certificarmos de que não estávamos correndo riscos. Tudo está bem, então estamos tentando correr o mínimo possível de riscos", disse o monegasco, que espera uma grande torcida para a Scuderia neste fim de semana "porque todo mundo estará em casa."
GP confirmado. Por enquanto
As autoridades do estado de Victoria, onde será realizado o GP, afirmavam até quarta-feira que o evento estava 100% confirmado, mas começaram a voltar atrás depois que a OMS declarou pandemia. Agora diz-se que a situação será monitorada e que tudo está sob os conformes "até esse ponto", mas o mais provável no momento é que a corrida siga adiante. A Austrália entrou no noticiário do coronavírus nesta quinta-feira com a confirmação de que o ator Tom Hanks e a esposa Rita Wilson foram diagnosticados com a doença. O casal, contudo, estava na Gold Coast, que fica a 1.700 quilômetros de Melbourne. No total, a Austrália tem 126 casos, sendo apenas 18 no estado de Victoria.
Do lado da Fórmula 1, não houve nenhum pronunciamento oficial, e a postura segue a mesma: as discussões entre as partes continuam, mas a responsabilidade sobre o cancelamento ou não fica nas mãos dos promotores. Essa postura tem a ver com questões comerciais e relacionadas aos seguros.
Já o cancelamento da terceira corrida da temporada, que marcaria a estreia do Vietnã na Fórmula 1, é visto como uma questão de tempo. O anúncio é esperado para a segunda-feira e vem depois que o país suspendeu os vistos para italianos e britânicos nas últimas semanas. Estas são as duas nacionalidades com maior presença no paddock da categoria.
O GP da China, que seria a quarta corrida, já foi adiado e ainda não tem nova data. E a segunda etapa, no Bahrein, vai acontecer sem a presença do público.
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