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Com apresentações de Williams e Racing Point, grid da F-1 fica completo

Colunista do UOL

17/02/2020 11h12

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A temporada da Fórmula 1 começa em pouco menos de um mês, com o GP da Austrália dia 15 de março, e os testes coletivos começam nesta quarta-feira, em Barcelona, mas o grid já está completo depois dos lançamentos de Williams (com mais vermelho na pintura) e Racing Point nesta segunda-feira. Renault e Haas só tinham divulgado imagens digitalizadas até agora, mas colocaram seus carros na pista hoje, assim como a própria Williams.

Em termos de projetos, Ferrari e Mercedes mudaram bastante seus carros na parte traseira, fundamental para a aerodinâmica e especialmente para atenuar o consumo de pneus. Já a Red Bull colocou mais atenção na parte dianteira, adotando um desenho mais semelhante à Mercedes. Quarta força no último campeonato, a McLaren deixou o carro mais enxuto. Na segunda parte do grid, houve muitas mudanças nas pinturas: a Alfa Romeo trocou o vermelho e branco por uma pintura cinza que imita pele de cobra, motivada pela chegada do novo patrocinador, trazido pelo agora piloto de testes da equipe, Robert Kubica. Já a Williams voltará a ter mais vermelho na pintura, também motivada pelo patrocinador.

Mas a maior mudança ficou por conta da AlphaTauri. A antiga Toro Rosso mudou o nome e toda sua identidade visual. Isso porque o time agora será usado pela dona Red Bull para divulgar sua marca de roupas. O carro agora será predominantemente branco.

A Haas também mudou suas cores, voltando à pintura original depois da saída do patrocinador Rich Energy. Já a Renault fez uma apresentação, mas apenas da temporada: tanto no caso do time norte-americano, quanto do francês, o primeiro teste foi feito nesta segunda-feira na pista de Barcelona, onde serão realizadas as duas baterias de teste, nesta semana e na próxima, de quarta-feira a sexta-feira.

Williams e Racing Point mostraram seus carros nesta segunda-feira

williams 2020 - Divulgação/Williams - Divulgação/Williams
Com carro pronto antes do primeiro teste, Williams se mostra mais preparada que em 2019
Imagem: Divulgação/Williams

As últimas duas equipes a mostrarem seus carros foram a Williams e a Racing Point. O time inglês busca reagir depois de dois anos muito difíceis em 2018 e, principalmente, em 2019. Afinal, foram duas temporadas em que o time amargou a última colocação no Mundial de F-1, com o agravante de ter marcado apenas um ponto ano passado, nada animador para uma equipe com mais de 40 anos de história na categoria, nove títulos de construtores e sete de pilotos.

Nesta segunda-feira, o time mostrou uma pintura diferente, com mais vermelho devido ao acordo, que já vem do ano passado, com uma empresa do setor de telefonia. O projeto dá claros sinais de que está mais adiantado do que ano passado, quando a Williams sofreu muito nesta fase do ano: na quinta-feira passada (06) foi postado um vídeo com a primeira vez que foi dada a ignição no carro, um momento em que os membros das equipes sempre se reúnem pois é a primeira vez que o carro "ganha vida", depois de meses de trabalho. E o carro já foi para a pista nesta segunda-feira, ao contrário do ano passado, quando a Williams só conseguiu entrar na pista no terceiro de oito dias de teste. Quando o carro finalmente foi à pista, faltava velocidade, e demorou para que novas peças que realmente melhorassem o desempenho fossem desenvolvidas, o que passou a acontecer apenas a partir de julho, no GP da Inglaterra. Mesmo assim, a diferença para os demais era tão grande que a Williams terminou o ano passado sendo mais de 3s mais lenta que os carros da ponta em classificação.

Para 2020, a Williams terá o estreante Nicholas Latifi no lugar de Robert Kubica e ao lado de George Russell, que faz seu segundo ano na categoria. Será o quarto ano seguido que o time terá um piloto estreante ou com necessidade de adaptação após muitos anos afastado da categoria (como era o caso de Kubica). Todos eles têm outro denominador comum: assim como Latifi, filho de uma família bilionária do Canadá, e Kubica, Sergey Sirotkin e Lance Stroll também traziam patrocínio para o time. Já a vaga de Russell é negociada muito em função do contrato de fornecimento de motores da Mercedes, que tem seu "passe".

Latifi chega à F-1 um pouco mais tarde que os últimos estreantes da categoria: aos 24 anos, o canadense fez quatro temporadas completas na F-2, na qual foi vice-campeão ano passado, perdendo a disputa para Nick De Vries, hoje na Fórmula E. Desde o ano passado, Latifi já vinha sendo preparado para a vaga, tendo participado de seis sessões de treinos livres. Já Russell vive um ano de expectativa, uma vez que é, teoricamente, o primeiro na linha de sucessão da Mercedes caso Bottas ou Hamilton deixem o time no final do ano.

Racing Point 2020 - Divulgação/Racing Point - Divulgação/Racing Point
Racing Point foi a última equipe a mostrar seu carro para 2020
Imagem: Divulgação/Racing Point

A última equipe a divulgar imagens de seu carro foi a Racing Point. O time vive uma temporada importante para o time em lançamento realizado na cidade de Mondsee, na Áustria, casa do principal patrocinador do time, a empresa de filtros de água BWT. Depois de ter sofrido os efeitos do processo de falência sofrido em meados de 2018 durante boa parte da última temporada, este ano é o primeiro em que o carro já foi desenvolvido com o aporte financeiro do consórcio liderado pelo bilionário canadense Lawrence Stroll.

O pai de Lance Stroll, que segue como um dos pilotos do time, ao lado de Sergio Perez, em dupla 100% mantida para este ano, segue investindo pesado na estrutura da equipe, que vai ganhar uma nova fábrica e se tornará a equipe Aston Martin a partir da temporada 2021, depois que Stroll tornou-se acionista da montadora britânica, que passa por dificuldades financeiras.

Foi com esse tipo de investimento que Stroll fez sua fortuna, apostando na recuperação de marcas, primeiro do mundo da moda - como Tommy Hilfiger e Ralph Lauren - e agora no mundo automobilístico. Em 2018, ele comprou o espólio da Force India depois que o time entrou em falência, em julho.

As dificuldades financeiras que levaram à falência, relacionadas com o bloqueio de bens do ex-dono, Vijay Mallya, condenado por fraudes fiscais na Índia, afetaram diretamente os resultados da equipe que ficou conhecida como a mais eficiente do grid na pista: a rebatizada Racing Point terminou o campeonato de 2018 no sétimo lugar, ainda que tenha feito pontos suficientes para ser a quinta (contando a pontuação da Force India). Com o desenvolvimento do carro comprometido, o time seguiu em sétimo ano passado.

Então a expectativa não poderia ser diferente para 2020: voltar à quarta colocação das temporadas de 2016 e 2017. Isso colocaria o time na briga com McLaren e Renault e outros no concorrido meio do pelotão do grid da F-1.

A equipe demonstra apostar em um trabalho de continuidade para se desgarrar deste meio do pelotão nos próximos anos, com as contas em ordem, a nova fábrica (que começaria a operar em 2021), o acordo com a Aston Martin e a estabilidade da dupla de pilotos - é muito improvável que Stroll não continue enquanto seu pai liderar os investimentos na equipe e Sergio Perez assinou por três anos em 2019.

Com as apresentações de Racing Point e Williams nesta segunda-feira, faltam apenas Alfa Romeo e Haas mostrem seus carros para a temporada 2020. As duas equipes optaram por fazerem lançamentos simples, pouco antes da abertura dos testes coletivos no Circuito da Catalunha, na Espanha, nesta quarta-feira.