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Como Lewis Hamilton se tornou multicampeão para poucos em seu país natal

Lewis Hamilton sobe em grade para comemorar vitória no GP de Silverstone com torcida inglesa - Clive Mason/Getty Images
Lewis Hamilton sobe em grade para comemorar vitória no GP de Silverstone com torcida inglesa Imagem: Clive Mason/Getty Images

Colunista do UOL

04/02/2020 04h00

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O inglês Lewis Hamilton vem dominando os últimos campeonatos da Fórmula 1, tendo conquistado cinco títulos de 2014 para cá. Mas este período vencedor do piloto de 35 anos coincidiu com uma forte queda na audiência dentro de seu próprio país devido a acordos comerciais: em menos de 10 anos, a categoria perdeu cerca de 85% de seu público no Reino Unido.

O primeiro golpe aconteceu em 2012, quando metade das corridas deixou de ser transmitida pela TV aberta. Isso ocorreu devido a um acordo milionário com a TV paga Sky Sports, que passou a pagar mais que o dobro que a BBC para ter o direito de mostrar todos os GPs ao vivo. Já a BBC mostrava metade das provas ao vivo e a outra metade em compactos. Naquele ano, a queda da audiência, que era de 4,6 milhões espectadores em 2011, foi de 12%.

Na época, Hamilton tinha apenas um título e tinha ficado na briga pelo campeonato até o final em 2010, ganhou corridas esporadicamente no ano seguinte, em que enfrentou uma fase ruim. Ele perdeu a briga interna da McLaren perdendo para outro britânico, Jenson Button, e em 2012 voltou a fazer um bom campeonato, ainda com a equipe, mas ficou de fora da disputa pelo título.

No ano seguinte, o time inglês caiu de rendimento, e Button não venceu mais nenhuma corrida até o fim de sua carreira. Já Hamilton tinha decidido ir para a Mercedes e foi só o quarto colocado no campeonato.

Em 2017, houve mais um golpe: as corridas mostradas ao vivo migraram da BBC para o também canal aberto Channel 4, e os números caíram ainda mais: na BBC, a média de espectadores já tinha caído para 3,1 milhões por GP em 2015, em campeonato que foi vencido por Hamilton. Dois anos depois, no Channel 4, a média não passava de 1,9 milhão. Foi em 2017 que o piloto conquistou seu quarto título mundial. Depois de cumprir os três anos de contrato com a F-1, o Channel 4 decidiu não renovar seu acordo.

Com isso, ainda menos britânicos veriam o sexto título de Hamilton, ano passado. Isso porque a Sky Sports usou essa oportunidade para selar um acordo de 200 milhões de libras por ano (equivalente a R$ 1,1 bilhão) para ter exclusividade em todas as corridas, com exceção do GP da Inglaterra. Com isso, ano passado, as corridas foram vistas por 650 mil pessoas em média. E Hamilton ainda deu o azar de ganhar seu GP caseiro, em Silverstone, numa corrida que ocorreu simultaneamente à épica final de Wimbledon entre Novak Djokovic e Roger Federer, que durou quase 5h, e à final do primeiro Mundial de Críquete vencido pela Inglaterra na história.

Além de estar na TV paga, a Fórmula 1 é comercializada em um pacote à parte na Sky Sports, que custa 150 libras (o equivalente a R$ 830) por ano.

O acordo atual tem duração até 2024, fazendo com que seja difícil para a categoria aumentar significativamente seus números justamente no país não apenas de Hamilton, mas também no qual sete de seus dez times estão sediados e onde o campeonato começou a ser disputado, em 1950.